A Petrobras está se preparando para uma avaliação pré-operacional na região de um bloco na Margem Equatorial, perto do Amapá, em um passo para obter autorização do órgão ambiental Ibama para realizar perfurações exploratórias na área, disse hoje (6) o diretor executivo de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges.
A avaliação pré-operacional consiste em atividades nas quais o operador precisa demonstrar a capacidade de contenção de qualquer vazamento de petróleo, afirmou o executivo, acrescentando que a empresa teve autorização do Ibama hoje (6) para fazer “coletas” na área.
Segundo ele, se o simulado for bem-sucedido, o Ibama estaria pronto para emissão da licença de perfuração, e a Petrobras “estará pronta para imediato início das atividades de perfuração no bloco”.
“Já contratamos sonda de perfuração, sete barcos de apoio, dois helicópteros, e se simula um derrame em que é feito com todos os recursos disponíveis para demonstrar que os recursos são competentes a lidar com qualquer evento”, disse ele.
A declaração, dada em entrevista a jornalistas para comentar os resultados do primeiro trimestre da empresa, coincidiu com visita do presidente Jair Bolsonaro à Guaina, hoje (6), na qual ele discutiu com seu colega iniciativas de cooperação na área de energia.
A região, chamada pela Petrobras de Amapá Águas Profundas, envolve uma área da Bacia da Foz do Amazonas, na qual ambientalistas afirmam existir um ecossistema sensível, abrigando um dos maiores berçários de vida marinha.
A área está a 160 km da costa do extremo norte do Amapá, e a perfuração ocorreria a 40 km da divisa com a Guiana, em um poço de 2.500 metros de lâmina d’água, explicou o executivo.
“Com isso esperamos o retorno da exploração na Margem Equatorial, que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, dado que o último poço explorado lá é de 2015”, disse o diretor, lembrando que a área já tem 450 poços perfurados, entre exploratórios e em produção.
“É um retorno em que a Petrobras está preparada para atender todos os requisitos para o licenciamento ambiental, e esperamos que se abra oportunidade para explorarmos as demais bacias na Margem Equatorial”, afirmou ele, referindo-se ao grande potencial petrolífero da região, considerada uma nova fronteira.
A região da Guiana tem atraído outras empresas, como a Exxon Mobil, que decidiu em abril investir US$ 10 bilhões (R$ 50 bilhões) em um quarto projeto de produção de petróleo na costa do país.
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Refino
Também hoje (6) outros diretores da Petrobras falaram a analistas e jornalistas que o mercado de combustíveis está firme no Brasil, apesar da alta de preços, o que tem exigido fortes atividades do setor de refino da empresa.
A Petrobras atingiu ontem (5) 93% do fator de utilização do seu parque de refino, acima dos 92% registrados em abril, e opera em uma “capacidade máxima” considerando condições de segurança e rentabilidade, disseram executivos, quando questionados se a companhia trabalha para ganhar participação de mercado.
O patamar atual também está acima dos 87% registrados na média do primeiro trimestre, que ficaram um ponto percentual abaixo do quarto trimestre, mas crescendo cinco pontos ante o período de janeiro a março de 2021, conforme dados da empresa.
“Estamos operando na capacidade máxima disponível”, disse o diretor executivo de Refino e Gás Natural, Rodrigo Costa, durante teleconferência com investidores, nesta sexta-feira.
Já o diretor executivo de Comercialização, Cláudio Mastella, lembrou que o Brasil não tem capacidade de refino para atender toda a demanda e que o país precisa de importações, sejam elas da Petrobras ou de empresas concorrentes.
Falando especificamente se a companhia trabalha para ganhar participação, ele declarou que o “mercado brasileiro é competitivo e seguirá sendo, não vejo muita mudança”.
Ele ponderou especificamente que a empresa vê com “cautela” o mercado global de diesel, que sofre com baixos estoques nos principais polos de armazenagem do mundo, o que “contribui para altíssima volatilidade”, acrescentando que o mercado de combustível ainda vem sendo afetado pela crise gerada pela pandemia, além da guerra na Ucrânia.
Contudo, Mastella afirmou não ver riscos de abastecimento no Brasil.
Mastella comentou que as exportações de petróleo da empresa aumentaram no primeiro trimestre com o crescimento da produção de petróleo, mas que o volume também depende da demanda nacional de derivados.
Já em abril as exportações brasileiras de petróleo caíram mais de 25%, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), enquanto o refino tem crescido, segundo notaram os executivos da Petrobras, que detém grande parte da capacidade das refinarias nacionais.