A Eneva (ENEV3) anunciou hoje (10) que fechou um acordo para a aquisição da usina termelétrica Termofortaleza, de propriedade da Enel Brasil, reforçando sua estratégia de ampliação do portfólio de ativos após a compra da Celse, divulgada há uma semana.
A operação com a Enel envolve a aquisição de 100% das ações da Termofortaleza e considera um valor de empresa (enterprise value) de R$ 431,6 milhões, com data base de 31 de março de 2022. O negócio também prevê pagamentos contingentes de até R$ 97 milhões por recontratação futura da planta.
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Localizada em Caucaia (CE), a Termofortaleza produz energia em ciclo combinado de gás e vapor e tem capacidade instalada de 327 megawatts (MW). Tem ainda associada uma linha de transmissão de 1,2 km em alta tensão.
O empreendimento integra o complexo industrial e portuário do Pecém e tem sua energia vendida no mercado regulado, com a distribuidora do Ceará, em contratos com vigência até 2023.
Como o prazo atual de contratação da planta é curto, a Eneva pretende habilitar a térmica em leilões do setor elétrico promovidos pelo governo para conquistar novos contratos, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
Entre este ano e 2023, a expectativa é que o governo realize certames abertos a termelétricas para contratação tanto de energia nova, quanto de reserva de capacidade.
Com a aquisição da planta, a Eneva ainda teria oportunidade de ampliar futuramente seus negócios no Ceará, já que outros grandes empreendimentos termelétricos estão sendo desenvolvidos no complexo do Pecém, onde a Termofortaleza está situada.
A fonte cita a construção de uma térmica de 1,6 gigawatt (GW) pela Ceiba Energy em Pecém, projeto que será abastecido a gás natural liquefeito (GNL). A infraestrutura para armazenamento e regaseificação (FSRU) que vai atender a planta da Ceiba poderia ser compartilhada pela Termofortaleza, apontou a fonte. Hoje, o empreendimento comprado pela Eneva recebe gás da Petrobras.
Procurada, a companhia não comentou o tema imediatamente.
Em 2021, a Termofortaleza registrou receita operacional líquida de R$ 1,7 bilhão e Ebitda de R$ 580 milhões.
A conclusão da aquisição está sujeita às aprovações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e de órgãos de governança interna das empresas e seus acionistas.
A Eneva foi assessorada pelo banco Santander na transação.
O anúncio ocorre uma semana depois de a Eneva ter divulgado a compra da Celse, uma das maiores usinas termelétricas a gás em operação na América Latina, por R$ 6,1 bilhões, em uma transação que a posicionou para criar um “hub” de gás na costa do Nordeste.
Já a Enel Brasil limpa seu parque gerador de fontes poluentes a partir do desinvestimento da térmica, em linha com os compromissos globais assumidos pelo grupo italiano de se tornar “net zero”, eliminando emissões líquidas de carbono, até 2040.
A Termofortaleza era o único ativo térmico da Enel no Brasil, onde o grupo tem uma capacidade instalada total de 4,7 GW, sendo cerca de 2,2 GW em eólicas, 1,2 GW em solar e 1,3 GW em hídricas.
Em nota, a Enel afirmou que planeja triplicar sua capacidade renovável global até 2030 e que o Brasil é um país prioritário neste processo.
“Continuaremos investindo no mercado de energia limpa no país, desenvolvendo e gerenciando novas usinas solares, eólicas e híbridas por meio da Enel Green Power Brasil”, disse Nicola Cotugno, Country Manager da Enel no Brasil.
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