SÃO PAULO (Reuters) – A Fortescue Future Industries (FFI), subsidiária da mineradora australiana Fortescue, assinou nesta quarta-feira um pré-contrato com o governo do Ceará para desenvolver uma usina de produção de hidrogênio verde no complexo industrial e portuário do Pecém.
A multinacional dedicada a projetos de energias renováveis e descarbonização é a primeira a assinar um compromisso do tipo para se instalar no Pecém, que busca se posicionar como um “hub” para projetos de hidrogênio verde, disse Duna Uribe, diretora comercial do complexo cearense.
“Isso significa que reservamos uma área em ZPE (zona de processamento de exportação) para que a empresa possa fazer seus estudos de viabilidade e, ao final desses estudos e licenciamento ambiental, assinaríamos um contrato definitivo”, afirmou à Reuters.
O governo tem outros cinco memorandos sobre hidrogênio verde assinados para o porto de Pecém, em acordos que antecedem a assinatura de um pré-contrato, como o firmado com a FFI.
O hidrogênio verde é produzido em um eletrolisador que consome exclusivamente energia renovável, o que faz dele um combustível com potencial de combater as mudanças climáticas. O Nordeste brasileiro, por sua vez, é o maior produtor de eletricidade a partir de fonte eólica no país, com grande potencial a ser desenvolvido, especialmente a partir da implantação de projetos no mar.
Em nota, o CEO da FFI América Latina, Agustín Pichot, disse que o pré-contrato consolida o progresso do projeto no Brasil.
“Para as indústrias do futuro da Fortescue, é vital que nos engajemos cedo, de forma aberta e transparente com as comunidades. Nesse sentido, nos últimos meses, começamos a aprofundar nosso conhecimento sobre a região, suas comunidades e sua biodiversidade através de estudos de impacto ambiental e social”, apontou Pichot.
Além de estudos de viabilidade para a planta, o acordo assinado prevê que a FFI poderá colaborar com universidades em pesquisas sobre tecnologias do hidrogênio e, preferencialmente, capacitar e empregar mão de obra local e contratar fornecedores locais.
A expectativa é que a multinacional possa exportar o combustível renovável para a Europa, América do Norte e outras regiões, segundo comunicado divulgado.
A diretora comercial do Pecém afirma que o complexo tem memorandos de entendimentos para projetos de hidrogênio verde com mais cinco empresas, principalmente do setor elétrico, como EDP Brasil e Engie.
Um dos principais benefícios que as empresas têm ao se instalar no complexo é já dispor de uma infraestrutura industrial e portuária consolidada, sem precisar criar instalações próprias para uma futura exportação do hidrogênio verde, explica Uribe.
“A maioria desse hidrogênio vai ser levado para exportação, por isso é tão importante nossa ligação com o porto de Roterdã (acionista do Pecém), que estará na outra ponta recebendo… Mas não se limitando a Roterdã, haverá outros compradores e destinos”.
(Por Letícia Fucuchima)