A Petrobras anunciou hoje (17) reajustes de 5,18% para a gasolina e de 14,26% para o diesel, valendo a partir de amanhã (18), mesmo sob forte protesto do presidente Jair Bolsonaro e da classe política em meio à pressão inflacionária em ano eleitoral.
No caso da gasolina, o preço médio de venda para as distribuidoras passou de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. A alta ocorre 99 dias após o último reajuste, em 11 de março.
Já para o diesel, o valor do litro subiu de R$ 4,91 para R$ 5,61. O último ajuste do combustível pela estatal foi realizado há 39 dias, em 10 de maio.
O anúncio da Petrobras já era esperado desde ontem, quando o jornal “O Globo” publicou que a petroleira obteve aprovação de seu conselho de administração para os reajustes. O presidente Bolsonaro comentou a informação, sugerindo que o novo aumento teria motivações políticas contra seu governo.
Em comunicado hoje, a Petrobras enfatizou a importância de sua política de preços ao mesmo tempo em que disse ser sensível e compreender “os reflexos que os preços dos combustíveis têm na vida dos cidadãos”.
A estatal reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado e também destacou que tem evitado o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais do petróleo e da taxa de câmbio.
“Esta prática (evitar repasse imediato) não é comum a outros fornecedores que atuam no mercado brasileiro que ajustam seus preços com maior frequência, tampouco as maiores empresas internacionais que ajustam seus preços até diariamente”, disse a estatal.
“Dessa maneira, observando a evolução do mercado, foi possível manter os preços de venda para as distribuidoras estáveis por 99 dias para a gasolina e 39 dias para o diesel”, acrescentou.
Até o final da semana passada, segundo o Itaú BBA, os preços da gasolina estavam 28% abaixo da paridade, enquanto os preços do diesel tinham uma diferença de 19%. Já a XP Investimentos notou que um novo aumento era iminente apesar da pressão política, já que os preços estavam “mais uma vez bem abaixo dos níveis internacionais”.
Os preços do GLP (gás de cozinha) foram mantidos.
A Petrobras observou ainda que a mesma conjuntura que impacta os preços dos combustíveis tem “externalidade positiva” na geração de recursos públicos, com maior arrecadação da União com tributos e participações governamentais, além de pagamentos de dividendos.
A declaração da estatal vem em meio à insatisfação declarada de Bolsonaro com os lucros da Petrobras. Hoje, o presidente disse que o governo, como acionista, é contra qualquer reajuste nos combustíveis, “não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”.
Em seu comunicado, a Petrobras disse que os dividendos pagos à União podem ser usados em políticas públicas, inclusive para amenizar o impacto dos aumentos.
“Adicionalmente, no ano de 2021, a Petrobras pagou de dividendos para a União o montante de 27 bilhões de reais, e no ano corrente, até julho, destinará ao acionista controlador o montante de 32 bilhões de reais. Esses recursos podem contribuir para o orçamento de políticas públicas, incluindo formas de mitigar os impactos da crise atual sobre os preços dos combustíveis”, disse a estatal.
A Petrobras também disse reconhecer as medidas que o governo e Congresso vêm explorando na esfera tributária para mitigar os níveis de preços de diversos produtos da cadeia de consumo, mas disse que elas “não desconectam os preços ex-tributos das commodities no mercado brasileiro das flutuações do mercado internacional”.