No acumulado dos últimos 12 meses, a Petrobras (PETR3;PETR4) se destacou como a maior pagadora de dividendos do Brasil. Mas enquanto o aporte em empresas que pagam proventos polpudos pode ser uma boa estratégia para obter renda passiva, especialistas destacam que dividendos passados nem sempre são indicativos de dividendos futuros.
Segundo um levantamento feito pela Economatica a pedido da Forbes, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras registraram dividend yield anual de 43,1% e 42,6%, respectivamente, considerando o período entre 30 de maio de 2021 e 30 de maio de 2022.
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O dividend yield (em português, rendimento dos dividendos) é o principal indicador utilizado para avaliar quanto uma ação paga em dividendos. Quanto maior esse indicador, mais aquela ação paga em dividendos. Assim, ao investir em um papel com dividend yield anual de 40%, pode-se esperar um retorno anual de 40% em dividendos sobre o valor investido.
Phil Soares, chefe de análise da Órama, porém, avalia que esse momento de bonança da petroleira deverá passar tão logo os preços do petróleo aliviarem.
No acumulado dos últimos 12 meses, o petróleo Brent registrou valorização de 68%, tendo atingido o maior valor em 14 anos em março, quando foi cotado a US$ 139 o barril. Essa valorização ajudou a impulsionar o caixa da Petrobras, que encerrou 2021 com um lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões, uma alta de 1.400,7% em relação ao ano anterior.
Já em 2020, quando os preços do petróleo Brent recuaram 21% por conta da queda da demanda global por combustíveis, diante do início da pandemia da Covid-19, a empresa registrou dividend yield anual de apenas 0,74%.
Então, qual ação escolher?
“Em contrapartida, elétricas e bancos pagam bons dividendos recorrentemente”, comenta Soares. “Negócios estáveis, geradores de caixa e com poucas oportunidades de crescimento costumam pagar bons dividendos.”
De acordo com o levantamento da Economatica, a CPFL Energia (CPFE3) se destacou como a segunda maior pagadora de dividendos nos últimos 12 meses, registrando um dividend yield de 18,76%. Nos acumulados de 2021 e de 2020, a empresa também ficou entre as 12 maiores pagadoras, com rendimentos de 11,37% e 5,07%, respectivamente.
A Bradespar (BRAP4), companhia de investimento controlada pelo Bradesco (BBDC4), representa o setor financeiro entre as melhores pagadoras de dividendos. Nos últimos 12 meses, a empresa teve dividend yield anual de 14,86%, e em 2021 e 2020, os rendimentos foram de 18,91% e 5,23%, respectivamente.
Segundo estimativa da XP Investimentos, a Bradespar deve encerrar 2022 como a melhor distribuidora de dividendos do país, projetando um dividend yield de 42,69% para as suas ações preferenciais. Por outro lado, as ações ordinárias da Petrobras, que hoje lideram o ranking, devem ver o seu dividend yield cair para 18,41%.
Copel (CPLE6), Taesa (TAEE11), Engie Brasil (EGIE3) e Cemig (CMIG4) são outras empresas dos segmentos citados por Soares que vêm entregando dividendos robustos e consistentes nos últimos anos. Vale (VALE3) e Telefônica Brasil (VIVT3), apesar de saírem do escopo, também estão entre as ações mais indicadas para esse fim.
“É sempre bom priorizar a escolha de empresas maduras”, comenta Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. “Empresas de crescimento não costumam distribuir dividendos, dado que elas estão sempre reinvestindo os lucros.”
Outras considerações
Na hora de escolher ações que pagam dividendos, os especialistas destacam que é importante observar a frequência com que esses proventos são distribuídos, ou seja, semestralmente, anualmente, ou se não há um cronograma pré-definido, a fim de avaliar se esse aspecto se encaixa na estratégia do investidor.
Além disso, também é necessário observar outros indicadores além do dividend yield.
“O dividend yield pode disfarçar algumas informações e enganar os investidores mais inexperientes”, diz Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos. “Por isso, ele também deve ter em mente outros aspectos, como o market share da empresa, a competitividade do setor e o cenário macroeconômico.”
Nesse sentido, os especialistas ressaltam que o investimento com vistas ao dividendo é indicado principalmente para quem busca uma renda passiva, e não para quem deseja multiplicar o seu patrimônio no curto ou médio prazo.
“A perspectiva de valorização de boas pagadoras de dividendos costuma ser mais baixa do que a média. Isso porque geralmente são negócios estáveis e com crescimento baixo”, diz Soares. “O investidor que queira focar em apreciação rápida deveria escolher outras empresas”.
Confira, a seguir, as ações que registraram maior dividend yield nos acumulados dos últimos 12 meses, de 2021 e de 2020:
DY acumulado dos últimos 12 meses:
1º Petrobras (PETR3): 43,12%
2º Petrobras (PETR4): 42,68%
3º CPFL Energia (CPFE3): 18,76%
4º Copel (CPLE6): 18,08%
5º Braskem (BRKM5): 17,85%
6º Marfrig (MRFG3): 17,70%
7º Gerdau Met (GOAU4): 16,49%
8º Bradespar (BRAP4): 14,86%
9º Vale (VALE3): 12,63%
10º Energias BR (ENBR3): 11,76%
DY acumulado de 2021:
1º Braskem (BRKM5): 31,99%
2º Gerdau Met (GOAU4): 20,60%
3º Petrobras (PETR4): 19,94%
4º Marfrig (MRFG3): 19,67%
5º Petrobras (PETR3): 19,59%
6º Bradespar (BRAP4): 18,91%
7º Vale (VALE3): 16,74%
8º Copel (CPLE6): 16,04%
9º Taesa (TAEE11): 13,51%
10º JBS (JBSS3): 12,75%
DY acumulado de 2020:
1º Eletrobras (ELET3): 11,81%
2º Taesa (TAEE11): 10,30%
3º Telefônica Brasil (VIVT3): 8,62%
4º BB Seguridade (BBSE3): 7,38%
5º Cyrela (CYRE3): 6,12%
6º Santander (SANB11): 5,66%
7º Bradespar (BRAP4): 5,23%
8º CPFL Energia (CPFE3): 5,07%
9º Eletrobras (ELET6): 4,67%
10º Itaúsa (ITSA4): 4,58%
Fonte: Economatica