Tang Xiao’ou, o professor bilionário por trás da gigante chinesa de inteligência artificial SenseTime, perdeu US$ 2,4 bilhões (R$ 12,78 bilhões) de sua fortuna em apenas um dia. As ações de sua empresa, listada na bolsa de Hong Kong, recuaram 51% ontem (30), dia em que se encerrou o prazo de lockup.
O lockup é uma cláusula contratual que determina um período no qual os investidores não podem vender as ações de uma empresa, sob pena de multa.
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O empresário de 54 anos tem agora um patrimônio líquido de US$ 3 bilhões (R$ 15,97 bilhões), estimado com base nos 6,90 bilhões de ações classe A da empresa.
O lockup de uma parte das ações classe B da SenseTime, incluindo aquelas que pertencem a investidores importantes, expirou ontem. Mas as ações A, de propriedade do fundador Tang, que é diretor executivo e maior acionista da empresa, ainda estão sujeitas a restrições de venda.
O alto escalão da SenseTime anunciou que irá estender voluntariamente o bloqueio de venda de suas ações classe B até 29 de dezembro. O presidente-executivo Xu Li, o cientista-chefe Wang Xiaogang e o cofundador Xu Bing disseram em um comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong que essa decisão foi tomada “para expressar sua confiança no valor e nas perspectivas de longo prazo do grupo”. Por enquanto, o lockup das ações classe A de Tang também terminará em 29 de dezembro.
Os investidores, no entanto, parecem ter uma visão menos favorável da empresa.
As ações da SenseTime subiram inicialmente após sua estreia na Bolsa de Hong Kong, arrecadando US$ 740 milhões (R$ 3,93 bilhões) depois que seus planos de listagem foram adiados devido à adição da empresa em uma lista negra dos EUA que proíbe os norte-americanos de investir na companhia.
A SenseTime atingiu uma alta de HK$ 9,7 (R$ 6,57) por ação em 4 de janeiro, mais de duas vezes acima de seu preço de oferta pública inicial de HK$ 3,85 (R$ 2,61) cada, dando a Tang uma fortuna máxima de US$ 8,6 bilhões (R$ 45,79 bilhões).
No entanto, o professor, que ainda ministra cursos de visão computacional e processamento de vídeo na Universidade Chinesa de Hong Kong, já perdeu quase 70% de sua fortuna. As ações da SenseTime estão caindo porque os investidores estão reavaliando as perspectivas de lucro da empresa, diz Shen Meng, diretor do banco de investimentos Chanson & Co, sediado em Pequim.
“As avaliações de mercado anteriores eram muito altas”, diz Shen. “A área de P&D (pesquisa e desenvolvimento) da SenseTime é voltada para as chamadas tecnologias centrais. Mas há muitas incertezas e levará algum tempo para que os gastos gerem lucro real”.
Um porta-voz da SenseTime se recusou a comentar o desempenho da empresa no mercado de ações. Ela gerou 4,7 bilhões de yuans (R$ 3,73 bilhões) em receitas no ano passado, um aumento de 36,4% em relação a 2020 impulsionado pelo aumento nas vendas de seu software baseado em inteligência artificial para o governo chinês, assim como para empresas privadas.
Mas as perdas atribuíveis aos acionistas também aumentaram mais de 40%, para US$ 2,6 bilhões (R$ 13,84 bilhões). Em seu relatório anual, a empresa atribuiu o prejuízo às perdas de valor das ações preferenciais, bem como ao aumento dos custos de pesquisa, que ficaram em US$ 457 milhões (R$ 2,43 bilhões), ou cerca de 65% das vendas totais do ano passado.
A SenseTime se comprometeu em seu relatório anual a manter “a liderança do setor em investimento em pesquisa e desenvolvimento” neste ano. A equipe de pesquisa é composta por 4.274 pessoas, o que representa 70% do total de funcionários.
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