O primeiro semestre deste ano foi conturbado para o mercado de ações. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, acumulou queda de 6% nos seis primeiros meses do ano, apagando os ganhos de 14% registrados no período entre janeiro e março.
A Bolsa foi diretamente afetada pelo cenário persistente de inflação no Brasil – e no mundo –, o que levou a um aperto da política monetária brasileira. Em sua última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic para 13,25% ao ano, o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017.
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O início da guerra entre Ucrânia e Rússia, riscos fiscais, a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos e a política de Covid zero na China, com lockdowns impactando as cadeias produtivas globais, foram os principais fatores que influenciaram as altas e baixas de diversas ações do índice Bovespa.
“Essas preocupações foram mais sentidas nos últimos três meses do primeiro semestre, com os preços das commodities indo ligeiramente para baixo, além do crescimento econômico global ficar em risco por conta das possíveis recessões. Isso atrapalhou o desempenho de alguns setores”, diz Rafael Cota Maciel, gestor de renda variável da Inter Asset.
Cielo, Eletrobras e Hypera lideram as altas
O momento de volatilidade faz com que investidores busquem ativos que tragam segurança e bons retornos financeiros.
Um levantamento feito pela Economatica a pedido da Forbes Brasil apontou que os papéis da Cielo (CIEL3), Eletrobras (ELET3; ELET6) e Hypera (HYPE3) lideram as maiores altas deste ano. Até a última sexta-feira (1), a empresa de maquininhas de cartão acumulou valorização de 73,72%.
“Os resultados da Cielo vieram acima do que o mercado esperava, o que contribui para ela ser líder no ranking das maiores valorizações do ano. Vimos que os competidores sofreram mais nos últimos tempos, o que também fez com que a companhia conseguisse se destacar com resultados ligeiramente melhores. Foi uma surpresa positiva”, afirma Maciel.
No primeiro trimestre de 2022, o lucro da empresa foi de R$ 184,6 milhões, uma alta de 35,9% ante o mesmo período de 2021. Outro ponto de destaque foi a venda da Merchant E Solutions, empresa norte-americana de pagamentos, por US$ 290 milhões (R$ 1,5 bilhão).
O segundo lugar do ranking ficou para a Eletrobras, com as ações ordinárias (ELET3) valorizando 46,42% e as preferenciais (ELET6) 39,81%. Segundo o especialista, as altas foram impulsionadas pela conclusão do processo de privatização da companhia em junho. Naquele mês, os papéis avançaram 12,18% e 9,63%, respectivamente.
Já o terceiro lugar ficou para Hypera (HYPE3), com alta de 35,05%. Para Maciel, a valorização é reflexo dos bons resultados operacionais do 1º trimestre – a companhia registrou aumento de 27,6% de sua receita líquida.
Além disso, o processo de leniência com a CGU (Controladoria-Geral da União) também contribuiu para a performance da ação no ano. O acordo, referente a investigações de “pagamentos irregulares” efetuados por ex-executivos, prevê um pagamento de R$ 110 milhões, que será totalmente desembolsado pelo acionista fundador João Alves de Queiroz Filho.
Magazine Luiza, Méliuz e Via lideram as baixas
Magazine Luiza (MGLU3) é o destaque entre as quedas do ano, com desvalorização de 69,53%. Segundo o especialista da Inter Asset, a empresa está passando por um “momento muito difícil” após o crescimento registrado durante os primeiros anos da pandemia de Covid-19.
“O ecommerce valorizou o desempenho da empresa, mas depois veio a inflação e a alta dos juros no mundo todo. A persistência desse aperto monetário machucou a tese de crescimento do Magalu e das demais varejistas do índice, assim como o aumento de competidores”, explica Maciel, que cita o mesmo cenário para os papéis da Via (VIIA3) – a companhia aparece em terceiro lugar, com queda de -64% no primeiro semestre.
Em segundo lugar está a Méliuz (CASH3). “Não tem como fugir da alta taxa de juros. A empresa, que é praticamente uma startup, está queimando caixa, apesar de ter crescido bastante”, diz o especialista.
Maiores altas do Ibovespa no 1º semestre de 2022:
- Cielo (CIEL3): +73,72%
- Eletrobras (ELET6): +46,42%
- Eletrobras (ELET3): +39,81%
- Hypera (HYPE3): +35,05%
- Minerva (BEEF3): +33,21%
- CPFL Energia (CPFE3): +31,02%
- BB Seguridade (BBSE3): +30,51%
- Petrobras (PETR4): +22,15%
- Petrobras (PETR3): +21,51%
- Banco do Brasil (BBAS3): +21,37%
Maiores baixas
- Magazine Luiza (MGLU3): -69,53%
- Méliuz (CASH3): -66,05%
- Via (VIIA3): -64%
- Americanas (AMER3): -58,67%
- Locaweb (LWSA3): -56,61%
- Embraer (EMBR3): -52,30%
- Azul (AZUL4): -48,81%
- Positivo (POSI3): -47,91%
- CVC (CVCB3): -47,91%
- Natura (NTCO3): -47,65%
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