A XP Inc pretende abrir sua plataforma de negociação de criptoativos a clientes até meados de agosto, oferecendo em um primeiro momento bitcoin e ether, mas com planos de ampliar o portfólio até o final do ano.
“Nas próximas semanas, em meados de agosto, nós começamos a abrir (a plataforma) para clientes que tenham o perfil adequado para esse tipo de operação”, afirmou à Reuters o diretor de produtos financeiros, Lucas Rabechini.
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A XP tem hoje 3,6 milhões de clientes, mas a negociação com criptoativos respeitará regras de elegibilidade, considerando o perfil de risco de cada um. O acesso à Xtage – como é chamada a plataforma – será pelo aplicativo de investimentos da XP.
Segundo o executivo, “até o final de dezembro e o começo do ano que vem” haverá mais 10 criptoativos. A plataforma também está trabalhando em novas funcionalidades, que espera implementar ainda neste segundo semestre.
Quanto a outros ativos digitais, como tokens, incluindo tokens não-fungíveis (NFTs), ele afirmou que há grupos de estudo, mas que não há nenhuma iniciativa já definida do que será colocado em produção na plataforma.
Na ocasião do anúncio da Xtage, em maio, a previsão era de a plataforma estar disponível até o final do segundo trimestre.
Rabechini afirmou que não houve atraso no cronograma, e que a plataforma está em fase de implantação, acessível desde o começo de julho a funcionários da casa, que estão testando o produto.
O momento de forte queda nas cotações de criptomoedas – o bitcoin acumula queda em torno de 50% neste ano – não altera o direcionamento estratégico de longo prazo da Xtage, disse o executivo.
“Pode-se falar ‘o volume está fraco, vai ter pouca ordem’, mas nós vemos que esse mercado sistematicamente está crescendo ao longo do tempo, e a nossa visão de longo prazo não é só do preço, mas da tecnologia”, disse Rabechini.
“O movimento de curto prazo é algo que a gente está ciente, acompanha na virgula, mas não é…fator principal de preocupação”, acrescentou.
As discussões, segundo o executivo, envolvem questões como quais os ativos mais seguros, como otimizar a rentabilidade, o que está sendo feito envolvendo tokenização e finanças descentralizadas (DeFi).
Concorrência e regras
Para enfrentar a concorrência no segmento de cripto, tanto de grupos do Brasil como do exterior, Rabechini afirmou que a Xtage aposta na integração do serviço com o ecossistema da XP, tudo em um aplicativo, algo que ajuda a fidelizar os clientes.
“Tem concorrentes fazendo a lição de casa, e são concorrentes super competentes, mas nós também temos essa competência”, afirmou o diretor de produtos financeiros da XP.
Ele também destacou a infraestrutura de tecnologia que será usada para executar as ordens, resultado de uma parceria com a norte-americana Nasdaq, que permitirá “uma plataforma super rápida e super escalável”.
Entre outros grandes grupos financeiros nacionais que anunciaram nos últimos tempos serviços relacionados a criptoativos aos clientes estão Nubank, BTG Pactual e Itaú Unibanco.
Regras para o mercado de criptoativos são vistas com bons olhos, segundo o executivo, avaliando que o impacto sobre a Xtage não será complexo, uma vez que a XP já é regulada pelo Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários em razão de atuar no mercado financeiro.
“É algo (regulação) que realmente dá um selo de profissionalização para o mercado, dá confiança para o investidor”, disse Rabechini, em um momento em que o colapso de bancos de criptomoedas no exterior, como os norte-americanos Celsius e Voyager, tem causado ondas de choque nas cotações de moedas digitais.
Um projeto de lei que regulamenta e disciplina o mercado de criptomoedas no Brasil aguarda votação na Câmara dos Deputados. O texto cria regras para a negociação de criptoativos e funcionamento de exchanges, bem como normas para penalizar crimes envolvendo o uso de criptoativo.