Gigantes do comércio global, como FedEx e Cathay Pacific Airways, veem uma temporada de compras de final de ano mais nebulosa, à medida que a desaceleração dos negócios aponta uma menor demanda do consumidor ante o inicialmente previsto.
A perspectiva negativa ganha tração uma vez que consumidores em todo o mundo lutam para lidar com os custos crescentes de alimentos, combustível e moradia, enquanto os chineses ainda sentem o impacto adicional na economia das duras restrições à Covid-19 no país.
“A falta de uma ‘onda do frete’ com reabertura da China foi um sinal negativo para a demanda” do setor, disseram analistas do JPMorgan, que rebaixaram a recomendação para as ações da FedEx a “neutra”, de “overweight”.
Por volta de 11h, as ações da FedEx desabavam 22,7% em Wall Street, após a companhia alertar para os impactos da desaceleração global em seus negócios na noite da véspera, bem como divulgar números trimestrais preliminares abaixo do esperado.
O anúncio também derrubou papéis de outras empresas do setor, como a Deutsche Post – proprietária da gigante de logística DHL -, que cedia 5,8% em Frankfurt. Além disso, contamiva os principais índices de ações em Wall Street.
A temporada de final do ano, que inclui o Natal, geralmente é frenética para o setor, com o transporte de recém-lançados smartphones, brinquedos e roupas de fábricas na Ásia para os Estados Unidos e Europa.
Mas varejistas ocidentais, incluindo Costco e Macy’s, registraram prateleiras transbordando de mercadorias não vendidas, sugerindo que a demanda foi mal avaliada e que provavelmente serão mais cautelosas no reabastecimento.
A Cathay Pacific Airways, de Hong Kong, alertou que a alta temporada de carga deste ano pode ser mais fraca do que a do ano passado por causa da inflação e das políticas de Covid-19 da China. Já a transportadora francesa CMA CGM afirmou que a fraqueza nos gastos do consumidor está reduzindo a demanda e as taxas de frete.
As taxas de transporte marítimo de contêineres da Ásia para a Costa Oeste dos EUA caíram quase três trimestres desde o início do ano, para o nível mais baixo desde maio de 2020, de acordo com a plataforma de reservas Freightos Group.
Os volumes mundiais de carga aérea recuaram 11% na primeira semana completa de setembro em relação ao ano anterior, de acordo com a WorldACD Market Data, que disse que ainda não ver sinais claros de retomada.
Já o Índice de Frete Aéreo do Báltico, alimentado por dados da TAC, que atingiu recordes em dezembro com um rali de alta temporada impulsionado pela pandemia, caiu quase 40% desde então.
“Normalmente, os preços se fortalecem nesta época do ano à medida que a alta temporada se aproxima, mas ainda há poucos sinais de que isso vá acontecer”, disse a TAC Index em uma atualização de mercado semanal.