O Goldman Sachs revisou suas posições em ações brasileiras para o final deste ano e 2023 após a conclusão do pleito eleitoral no último domingo (30). Segundo relatório de hoje (31), o banco de investimentos diz acreditar que as ações de consumo reagirão positivamente aos resultados das urnas.
“As expectativas de apoio contínuo à renda e um potencial programa de reestruturação das dívidas dos consumidores entre as propostas de política podem ser vistas como favoráveis ao consumo”, afirma o relatório.
Além das eleições, o Goldman Sachs também destaca os eventos do final deste ano como positivos para o quarto trimestre dessas ações. Copa do Mundo a partir de 20 de novembro, promoções de Black Friday no mesmo período e festividades do Natal são impulsionadores do setor.
“Embora as perspectivas para o crescimento econômico geral em 2023 permaneçam relativamente pouco inspiradoras, as expectativas de consumo são mais construtivas”, diz o documento.
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Como se posicionar em ações em 2023
A expectativa do Goldman Sachs é de que o crescimento econômico do Brasil seja de 1% em 2023. O relatório Focus do Banco Central é mais pessimista e espera uma expansão de 0,6% do PIB (Produto Interno Bruto).
Entretanto, o banco de investimentos se baseia nas promessas eleitorais feitas por Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu a disputa e será presidente a partir de 1º de janeiro.
“Ele [Lula] afirmou que manterá um programa de transferência social de renda para famílias de baixa renda (R$ 160 bilhões anualizados ou 1,5% do PIB de 2023 estimado). Embora as forças inerciais ainda estejam em jogo, a inflação está diminuindo para itens de linha importantes, como combustíveis e comida, onde os preços até sofreram deflação mês a mês”, escrevem os analistas do banco.
Além disso, eles também apontam os possíveis cortes nas taxas de juros a partir do próximo ano, ainda no primeiro trimestre, projetando que os consumidores devem sentir algum alívio no endividamento familiar.
Para o banco norte-americano, existe a possibilidade do Nordeste ser a região mais beneficiada pelas políticas presidenciais a partir do próximo ano, isso porque trata-se da região em que as famílias mais dependem dos benefícios propostos.
Nesse sentido, “observamos que quaisquer políticas/programas de gastos que apoiem a região de forma mais direta podem ser positivos para as empresas com maior exposição ao Nordeste”, diz o relatório.
Os destaques são Carrefour (CRFB3), que possui 28% de lojas na região, assim como o Assaí (ASAI3), que tem os mesmos 28% de participação. Em seguida aparece o Magazine Luiza (MGLU3), com 22%.
Via (VIIA3), Raia Drogasil (RADL3)e Lojas Renner (LREN3) não possuem uma posição tão estratégica para se beneficiar, segundo o banco. As participações de cada uma no Nordeste são de 18%, 14% e 14%, respectivamente.
Copa do Mundo e Black Friday
Antes de saber o que acontecerá em 2023, as empresas ainda têm o período da Copa do Mundo e da Black Friday para navegar.
De acordo com o Goldman Sachs, empresas de cash & carry (pague e leve, em tradução livre) se saem melhor neste período porque atendem consumidores que fazem reuniões em ambientes privados e também restaurantes e bares que buscam reposição rápida de estoque.
Os destaques continuam sendo Carrefour e Assaí para o banco. “Nos níveis atuais, vemos o ASAI sendo negociado a 13 vezes o preço/lucro em 2023 e o CRFB em 15 vezes, com taxas de crescimento anual composto de 60% e 53% entre 2022-24, respectivamente.”
Além disso, o banco cita um destaque de varejo esportivo, que é o Grupo SBF (SBFG3), detentor das marcas Centauro e Fisia (distribuidora da Nike no Brasil). Para os analistas, a empresa deve ver um aumento incremental nas vendas de produtos durante a Copa (principalmente camisas e bolas de times).
“Estimamos que isso [a Copa] possa adicionar entre 600 a 700 pontos base de crescimento ao faturamento no quarto trimestre. Projetamos um crescimento de receita líquida de +19% na base anual (+18% na Centauro e +21% na Fisia [Nike Brasil]) para o SBF”, diz o relatório.
Recomendações do Goldman Sachs
O Goldman Sachs possui recomendação de compra para as ações do Carrefour, Assaí, Magazine Luiza e Grupo SBF.
Para o Carrefour, o preço-alvo em 12 meses é de R$ 25,10, equivalente a um upside de 33% em relação ao fechamento de sexta-feira (28), de R$ 18,86.
Assaí tem uma projeção de preço em 12 meses de R$ 24,00, que representa uma alta de 27,6% frente ao último fechamento, de R$ 18,81.
O Magazine Luiza (MGLU3) deve crescer 18,7% em 12 meses, segundo o Goldman, para um preço de R$ 5,20 ante o atual R$ 4,38 registrado no fechamento de sexta.
Por fim, para o Grupo SBF é esperada a maior valorização em um ano, de 76,4%, com o valor da ação saindo dos atuais R$ 18,14 para R$ 32, segundo os analistas do Goldman Sachs.
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