Em duas décadas, o mundo experimentará a maior transferência de riqueza da história. E isso vai ocorrer de qualquer maneira, pois a causa é inevitável: heranças. Segundo um levantamento do banco suíço UBS, apenas nos Estados Unidos um total de US$ 84 trilhões deve passar para as gerações mais jovens.
Para entender como será essa sucessão, o banco entrevistou 4.500 investidores com pelo menos US$ 1 milhão em ativos, de 14 países diferentes. O resultado mostrou que quatro em cada dez milionários não têm um planejamento sucessório ou um testamento atualizado.
Metade desse super ricos não compartilham informações básicas com seus herdeiros, como quanta riqueza eles têm (50%), onde está alocada a fortuna (49%) ou como ela será repartida (48%).
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Segundo o relatório do UBS, falar sobre transferência de riqueza envolve questões familiares e emocionais que nem sempre estão resolvidas entre os familiares. Cerca de 80% dos entrevistados, por exemplo, favoreceria os herdeiros com os quais têm um relacionamento mais próximo e 66% dos que responderam acham difícil dividir a fortuna de forma justa e alegam que esse é um dos problemas para planejar a transferência de renda.
Por que um herdeiro pode receber mais do que outro?*
80% – temos uma relação mais próxima
76% – diferentes gerações receberão valores diferentes
75% – eu confio mais neles com dinheiro
75% – Tem uma necessidade econômica maior
74% – Assumiria a responsabilidade de cuidar de mim na velhice
*múltipla respostas
Os proprietários de empresas enfrentam complicações adicionais ao lidarem com a transferência de suas fortunas, principalmente porque o negócio é o ativo mais valioso e difícil de repassar.
Pouco menos da metade deles (47%) espera deixar os negócios para a família. Porém, eles não discutiram suas intenções com os herdeiros nem estabeleceram expectativas. “Transmitir uma empresa pode gerar descontentamento e brigas, prejudicando os laços e o amor entre irmãos”, afirmou um italiano na pesquisa, indica de forma anônima o relatório do banco.
Conversas desafiadoras
“É delicado perguntar: ‘Ei, o que vai acontecer com seu dinheiro quando você morrer?’ Nós evitamos ter essas conversas”, respondeu uma herdeira suíça ao banco.
Tanto os milionários quanto seus herdeiros afirmam ter dificuldades para conversar sobre o assunto. A mesma proporção de pais que não querem que os filhos se sintam no direito à herança (49%) é a dos filhos que não querem parecer gananciosos (49%) e, assim, ninguém conversa.
O tema é deprimente para 42% dos donos das fortunas e para 45% dos herdeiros, enquanto 56% dos pais não acham que é um caso urgente, algo com que 45% dos filhos concorda.
Porém, alguns milionários que se tornaram ricos por meio de herança se arrependeram de não terem tido um diálogo mais aberto quando tinham tempo. 40% gostariam de ter discutido planos de herança com seus pais antes deles morrerem.
As consequências de não ter um planejamento são piores quando o governo entra em cena. Muitos espólios pagam impostos em excesso sem estratégias de proteção previstas com antecedência. Outros estão sujeitos a decisões judiciais e atrasos na liberação quando os autores da herança negligenciam a elaboração de testamentos e outros documentos.
Ainda há esperança: mais da metade (61%) dos milionários e de seus herdeiros afirma que ter uma comunicação aberta é fundamental. Metade de ambos os lados afirmam saber como outras famílias trataram do assunto e cogitam contratar um profissional para facilitar os trâmites.
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