Em dia de forte volatilidade, o Ibovespa saiu de sua posição negativa de queda de 1,85% pela manhã para um avanço de 0,48% durante a tarde e fechou com perda de 0,46%, aos 114.300,09 pontos. A bolsa paulista acompanhou os índices de Wall Street em dia de divulgação da inflação.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) aumentou 0,4% em setembro, acima da expectativa de alta de 0,2% do mercado. Em agosto, o avanço tinha sido de 0,1%.
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Logo após a divulgação, as cotações nas bolsas americanas que negociavam em alta passaram a cair. A inflação em 12 meses até setembro, medida pelo CPI, foi de 8,2%, levemente acima dos 8,1% esperados pelos especialistas.
De acordo com o CME Group, depois que saíram os dados de inflação, 91,8% do mercado passou a esperar uma quarta alta de 0,75 ponto percentual nos juros pelo banco central norte-americano. Ontem essa porcentagem era de 84,5% do mercado.
“Os dados de inflação acima do esperado mostram que o Fed precisará ser duro no ciclo de alta de juros devendo subir os 75 pontos-base na próxima reunião. Esse cenário faz com que os investidores prefiram migrar seus investimentos para ativos mais seguros como a renda fixa americana, por exemplo. Por isso, hoje também vimos o dólar subir”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.
Porém, na parte da tarde o mercado norte-americano virou e os índices de Wall Street registraram ganhos superiores a 2% ao final da sessão.
Alguns analistas afirmaram que os investidores optaram por olhar “o copo meio cheio”. Isso porque, embora a inflação tenha vindo acima do esperado, os números continuam desacelerando.
Em julho, por exemplo, a base anual do CPI apontava alta anual de 9% do indicador – a maior em 40 anos. Hoje, houve desaceleração, ainda que baixa, de 8,3% para 8,2%. Há expectativa de que a inflação nos Estados Unidos tenha atingido o seu pico.
O Dow Jones registrou a maior alta, de 2,83%, a 30.038,06 pontos, o S&P 500 subiu 2,60%, a 3.669,86 pontos, enquanto o Nasdaq ganhou 2,23%, a 10.649,15 pontos.
Por aqui, o Ibovespa ficou entre perdas e ganhos no final do dia e não acompanhou Nova York em todo o seu ímpeto. Ações de varejistas e empresas aéreas figuraram entre as maiores quedas do dia, enquanto Braskem (BRKM5) e Petrobras (PETR3;PETR4) tiveram os maiores ganhos.
Alves afirma que a queda das varejistas e aéreas é por conta da alta do dólar, que chegou em R$ 5,38 na máxima do dia, embora tenha desacelerado para R$ 5,27 no final da sessão.
“Varejistas, aéreas e empresas de tecnologia, que normalmente são altamente endividadas, são penalizadas em função do maior custo de capital e margens menores por conta da inflação, dólar alto e menor demanda, o que implica também em um menor valuation”, diz o sócio da Ação Brasil.
Americanas (AMER3) liderou o ranking de quedas do Ibovespa, com recuo de 7,34%. Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3) perderam 4,84% e 3,44%, respectivamente. Entre as aéreas, a maior queda foi da Embraer (EMBR3), que perdeu 4,84%, seguida por Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4), com recuos de 4,22% e 3,75%.
Petrobras subiu na esteira da cotação do petróleo no mercado internacional. Os preços da commodity voltaram a subir devido aos baixos estoques de diesel e óleo, que caíram nos últimos dias. O barril Brent, referência para a petroleira estatal, subiu 2,43%, para US$ 94,70.
As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com ganhos de 3,13%. Já os papéis preferenciais subiram menos, +2,85%. Outras petrolíferas acompanharam a tendência de longe: PetroRio (PRIO3) subiu 0,83%, e 3R Petroleum (RRRP3) ganhou 0,54%.
Outro destaque foi a alta de quase 12% da Braskem, ainda repercutindo a expectativa de compra parcial das ações da companhia pela gestora norte-americana Apollo. Na terça, as ações dispararam mais de 20% com a notícia.
Porém, controladores da petroquímica, como a Novonor, responderam que não houve qualquer evolução material sobre a venda parcial da Braskem e afirmaram que não existe nenhuma informação que não tenha sido divulgada ao mercado.
Depois de bater no pico de R$ 5,38 na máxima intradia, o dólar comercial desacelerou para R$ 5,2730 e fechou com pequena alta de 0,02%.
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(Com Reuters)