A Avenue, corretora digital que dá acesso a investimentos no exterior, está apostando no crescimento do seu portfólio de fundos de investimentos internacionais para aumentar a gama de clientes, que hoje é composta por mais de 600 mil contas ativas.
Se tirar o dinheiro do Brasil e colocar nos Estados Unidos já é um grande passo, investir em ações lá fora pode parecer complexo e arriscado. Pensando nisso, em 2018, o CEO da companhia Roberto Lee buscou transformar a experiência aplicando algumas doses do jeitinho brasileiro. Agora é a vez de fazer o mesmo com os fundos de investimentos.
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“Queremos ser uma plataforma aberta para que os brasileiros comecem a investir em fundos no exterior, tendo os maiores gestores no nosso portfólio, como a BlackRock e JP Morgan”, diz Lee. “Acredito que a maior possibilidade de expansão internacional do sistema financeiro brasileiro é por meio da venda de fundos.”
Ele ainda explica que tributariamente, investir em fundos diretamente nos Estados Unidos é mais vantajoso do que no Brasil por três motivos: não existe o famoso come-cotas, que representa a retirada de dinheiro para o IR ao longo do ano; os fundos não distribuem dividendos e sim reinvestem os valores e são isentos de imposto sobre herança nos EUA.
Atualmente, o portfólio da Avenue conta com mais de 600 fundos com aplicações mínimas a partir de US$ 1 mil. “Nós temos agora um time de inteligência para montar recomendações de fundos para diferentes tipos de clientes, com mais ou menos risco, para que todos possam surfar no segmento”, conta o CEO da companhia. “Esse é o nosso foco no momento.”
Para ele, o Brasil, do tamanho que é, já deveria ter uma penetração internacional de no mínimo uns 30%, mas essa porcentagem está muito próxima do zero, número que deve ser mudado.
Trajetória
Hoje, a Avenue conta com US$ 1,5 bilhão em custódia (R$ 7,7 bilhões), mas o processo para atingir esse montante não foi simples. Para Lee, o maior desafio foi mudar a mentalidade dos brasileiros, que ainda tinham muito receio de tirar o seu dinheiro do país.
“Quando começamos, essa coisa de ter dinheiro fora do país parecia ilegal no imaginário popular, então o primeiro passo foi mudar essa ideia”, diz. “Para isso, nossa estratégia foi trazer o assunto para todo o ecossistema de investimentos buscando educar sobre o mercado norte-americano e mostrar que esse tipo de investimento é regulado e é legal.”
Lee conta que isso fez a empresa sair do ambiente do “ilegal”, para o lugar do “impossível para quem não tem muito dinheiro” e hoje está no “sei que é para todos, mas talvez seja muito arriscado para mim”, o que o faz acreditar que ainda existe muito espaço para crescimento.
Na visão do CEO, a percepção de que mercado norte-americano é muito arriscado está diretamente ligada com a volatilidade do real, que influencia no sobe e desce do dólar e passa a impressão de que a economia dos Estados Unidos é instável.
“Apesar de os Estados Unidos serem a maior economia do mundo, o brasileiro ainda acredita que deixar seu dinheiro por aqui é mais seguro do que aportar no exterior. O dólar é uma moeda muito estável e o real é muito volátil”, explica.
Empurrão do Itaú
Daqui para frente, a perspectiva da Avenue é continuar investindo para desmistificar esse pensamento. Em julho, a visão de futuro ganhou ainda mais força com a entrada do Itaú. O banco comprou 50,1% da Avenue Holding, com a intenção de expandir o acesso financeiro global de seus clientes por meio da plataforma.
“Muitos clientes com mais dinheiro não se sentiam confortáveis com uma marca mais jovem como a Avenue, então quando chegamos com uma parceria com o Itaú, que tem 100 anos e é um dos maiores bancos da América Latina, nós conseguimos uma credibilidade completamente diferente”, diz Lee.
Ele conta que é notável o crescimento no número de clientes com esse perfil mais conservador após o anúncio da parceria, além de afirmar que a sociedade trouxe mais recursos para reforçar a infraestrutura da companhia e acelerar o plano de expansão.
“Hoje, cerca de 25% do portfólio dos nossos clientes está investido aqui nos Estados Unidos e eu acho que esse número deve atingir a casa dos 50% nos próximos cinco anos, sendo bem otimista. Hoje a nossa meta é chegar em 35% do portfólio”, avalia o CEO.