Em apuros, a exchange de criptomoedas FTX anunciou na manhã de hoje (11) que iniciou o processo de falência do Capítulo 11 (do Código de Falência dos Estados Unidos), equivalente à recuperação judicial brasileira, e que o ex-bilionário Sam Bankman-Fried renunciou à presidência da empresa.
Isso ocorreu após uma crise de liquidez que derrubou o valor da exchange. No início deste ano, a FTX chegou a valer US$ 32 bilhões e a participação de Bankman-Fried foi avaliada em US$ 26,5 bilhões.
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Em comunicado à imprensa, a FTX disse que prosseguiria com o processo de falência da FTX.com, da FTX US, e da empresa de trading e gestão de recursos Alameda Research, de propriedade de Bankman-Fried. Cerca de 130 empresas afiliadas foram incluídas no processo. Algumas subsidiárias ficaram de fora: LedgerX (conhecida como FTX US Derivatives), FTX Digitial Markets Ltd, FTX Australia Pty Ltd e FTX Express Pay Ltd.
John J. Ray III, advogado que liderou a empresa de energia Enron em seu famoso colapso no início dos anos 2000, foi escolhido para substituir Bankman-Fried, que “continuará ajudando em uma transição ordenada”, de acordo com a empresa.
Em nota, Ray disse que “o alívio imediato” do Capítulo 11 é “apropriado” para fornecer à FTX a oportunidade de desenvolver um processo para maximizar as recuperações para as partes interessadas, acrescentando que a FTX tem “ativos valiosos que só podem ser administrados efetivamente de forma organizada e conjunta.”
“Fiquei chocado ao ver o jeito como as coisas aconteceram no início desta semana”, disse Bankman-Fried em tweets logo após o anúncio da recuperação judicial. Ele disse que o processo “[não] significa necessariamente o fim das empresas ou sua capacidade para fornecer valor e fundos aos seus clientes.”
Os mercados de criptomoedas, que já caíram 20% na semana passada, caíram após o anúncio, com o preço do bitcoin despencando 4%, enquanto o ether caiu 5%.
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Turbulência no mercado
O anúncio de falência da FTX e a saída de seu fundador de 30 anos encerram uma semana de turbulência para o prodígio das criptomoedas. Em uma série de tweets publicados ontem (10), Bankman-Fried abordou a crise de liquidez da FTX, dizendo que a empresa viu cerca de US$ 5 bilhões em saques no domingo, “de longe o maior valor”.
Os saques ocorreram depois que Changpeng Zhao, CEO da arquirrival Binance, disse que sua empresa venderia todas as suas participações no token criptográfico FTX devido a “revelações recentes”. Ele se referia, aparentemente, a um relatório da Coindesk da quarta-feira passada, que dizia que a Alameda Research detinha muitos de seus ativos na moeda da FTX.
A FTX suspendeu resgates de investidores e seu token entrou em colapso. A Binance rapidamente anunciou uma missão de resgate, divulgando um acordo não vinculativo para comprar a FTX na terça-feira. Porém, a empresa de Changpeng desistiu um dia depois, citando problemas de liquidez “além de nosso controle ou capacidade de ajudar”. Em seu tweet de quinta-feira, Bankman-Fried disse que estava “substancialmente fora de [seu] senso de margens dos usuários”, acrescentando: “Eu estraguei tudo e deveria ter feito melhor”.
A fortuna de Bankman-Fried havia chegado a US$ 26,5 bilhões no início do ano, quando as negociações da era da pandemia ajudaram a elevar a avaliação da FTX para até US$ 32 bilhões. No mês passado, o homem de 30 anos se referiu a si mesmo como um J. P. Morgan moderno por ajudar a adquirir empresas de criptomoedas em dificuldades.
Após o colapso da FTX, Bankman-Fried foi retirado da lista de bilionários da Forbes.
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