Em mais um dia de liquidez reduzida devido ao jogo do Brasil na Copa do Mundo, o Ibovespa operou entre perdas e ganhos ao longo do dia, fechando aos 108.782,15 pontos, após recuar 0,18%. Analistas afirmam que os investidores deram um dia de trégua aos negócios enquanto aguardam novidades sobre a evolução dos projetos do governo de transição.
Lá fora, o dia também não foi dos melhores. Wall Street amargou perdas de mais de 1% na esteira das notícias negativas sobre os protestos na China contra as políticas duras em relação à Covid-19.
De acordo com a equipe de economia do banco Bradesco, a cautela predomina nos mercados hoje, em meio a manifestações contra a política de Covid-zero na China. Manifestantes fizeram uma demonstração de desobediência civil sem precedentes desde que o líder Xi Jinping assumiu o poder há uma década. As cidades de Xangai e Pequim foram ocupadas por multidões no fim de semana.
As bolsas na Europa e nos EUA seguiram o tom na Ásia, onde os pregões tiveram um fechamento negativo.
“Claramente, os duros lockdowns na China vêm impactando o sentimento dos consumidores e das empresas há algum tempo, e as persistentes reduções no PIB chinês têm sido consistentes há mais de um ano, com mais por vir”, disse George Boubouras, diretor executivo da K2 Asset Management.
Ações de mineração e siderurgia do Ibovespa foram impactadas pelo cenário chinês. Usiminas (USIM5) registrou a maior perda, com queda de 4,34%, seguida por CSN (CSNA3), que recuou 4,20%. No entanto, a Vale (VALE3) fechou com alta de 0,49%.
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Outros papéis que ocuparam o ranking de quedas do Ibovespa foram das varejistas, após números decepcionantes da Black Friday. Segundo a plataforma Neotrust, as vendas no e-commerce caíram 28% neste ano quando comparadas à 2021. Com pouco mais de R$ 3,1 bilhões em vendas, este foi o pior resultado brasileiro para a data de promoções.
A Americanas (AMER3) foi a empresa que teve suas ações mais depreciadas com a notícia: queda de 9,68%. Na sequência aparecem Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), com perdas de 6,70% e 3,22%, respectivamente.
Também faz preço no Brasil as movimentações em Brasília. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva estará na capital federal nesta semana para negociar a PEC da Transição. Segundo o Broadcast, Lula tem três textos em mãos, que vão de R$ 198 bilhões a R$ 150 bilhões.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também afirmou que o presidente eleito poderá divulgar informações sobre suas escolhas para os ministérios nos próximos dias.
Em Nova York, hoje as notícias da China predominaram, mas ao longo da semana outros números domésticos importantes serão divulgados: payroll (relatório de empregos), PIB, dados de desemprego e falas de membros do Federal Reserve.
Hoje, James Bullard, do Fed de St. Louis, afirmou que é necessário aumentar mais a taxa de juros para controlar a inflação. Ele destacou que prefere subir os juros rapidamente agora para criar as condições para que as pressões de preços diminuam ao longo do próximo ano.
Atualmente, os juros dos Estados Unidos estão em um intervalo entre 3,75% e 4,00%. Para Bullard, é necessário chegar em 5,00% e 5,25% para ser “suficientemente restritivo”.
O Dow Jones caiu 1,45%, a 33.849,76 pontos, o S&P 500 perdeu 1,54%, a 3.964,02 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 1,58%, a 11.049,50 pontos.
O dólar comercial recuou neste dia de trégua e caiu 0,829%, a R$ 5,3661, após oscilar entre R$ 5,3493 e R$ 5,4306.
(Com Reuters)