O Ibovespa devolveu os ganhos de quase 3% da véspera, ao cair 2,55% no pregão de hoje (25), fechando aos 108.976,70 pontos. O alívio com a “dobradinha” de Fernando Haddad e Pérsio Árida nos ministérios da Fazenda e Planejamento, respectivamente, passou após o petista ser evasivo em relação ao rumo fiscal do país em encontro com banqueiros em São Paulo.
O volume financeiro do dia foi de R$ 20,1 bilhões, abaixo da média de R$ 30 bilhões, devido ao fechamento antecipado de Wall Street, ainda em razão do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, que voltou a reduzir a liquidez na bolsa paulista.
O Ibovespa fechou a semana no zero a zero (+0,10%), enquanto acumula 6% de perdas neste mês e 4% de alta ao longo do ano.
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Em evento na Febraban, em São Paulo, o ex-ministro Fernando Haddad, apontado como favorito do presidente eleito para assumir a Fazenda, afirmou que não foi convidado para o ministério. A afirmação não convenceu, enquanto o tom generalista do discurso do ex-prefeito de São Paulo decepcionou aqueles que esperavam uma sinalização mais rigorosa do ponto de vista fiscal.
“Na minha visão, a impressão que ficou é que não se falou claramente da trajetória das contas públicas e também não se deu pista a respeito dos próximos passos da política fiscal, que é o que todo mundo quer saber. A falta de notícias gera mais incerteza e o mercado penalizou a bolsa, dado o grau de volatilidade que temos atualmente”, afirma Apolo Duarte, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital.
Somente uma ação do Ibovespa fechou no azul, que foi o papel da CSN (CSNA3) – alta de 0,81%. Todas as outras 91 ações fecharam em queda, na contramão do observado ontem, quando nenhum papel terminou o pregão no vermelho.
“Temos a curva de juros, que ontem deu alívio, voltando a ficar pressionada hoje, também pela falta de liquidez no mercado”, diz Duarte. A pressão dos juros e alta do dólar prejudicaram os papéis domésticos hoje.
Qualicorp (QUAL3), CVC (CVCB3) e Via (VIIA3) figuraram nas maiores perdas do Ibovespa, puxando o índice com perdas de 8,39%, 6,85% e 6,28%, respectivamente.
Entre os setores que ameaçaram fechar com valorização, as ações de destaque são das siderúrgicas e mineradoras, vide exemplo da CSN. Os papéis sobem na esteira de uma possível melhora na economia da China.
Os maiores bancos comerciais do gigante asiático prometeram pelo menos US$ 162 bilhões em novos créditos para incorporadoras imobiliárias, reforçando as recentes medidas regulatórias para aliviar a crise de caixa no setor e provocar uma recuperação nas ações imobiliárias.
Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4) tentaram se beneficiar com a notícias, mas foram sufocadas pelo cenário político interno. No final do pregão, caíram 0,08%, 0,68% e 0,94%, respectivamente.
Em Wall Street, o foco estava nas varejistas, conforme começaram as vendas da Black Friday. O pano de fundo de inflação alta e crescimento econômico esfriando levanta dúvidas sobre o aproveitamento das companhias com o dia de promoções.
A expectativa era de que os compradores comparecessem em números recordes para as promoções, mas, multidões esparsas foram vistas do lado de fora das lojas, frustrando o que historicamente é o dia de compras mais movimentado do ano nos Estados Unidos.
O Dow Jones subiu 0,45%, a 34.347,10 pontos, o S&P 500 perdeu 0,03%, a 4.026,18 pontos, enquanto o Nasdaq recuou 0,52%, a 11.226,36 pontos.
O dólar comercial acelerou seus ganhos e fechou em alta de 1,89%, a R$ 5,4105, após oscilar entre R$ 5,3061 e R$ 5,4245. Na semana, a moeda norte-americana valorizou 0,66%.
(Com Reuters)