O Twitter cumpriu a promessa feita há poucos dias pelo CEO Elon Musk e lançou novos recursos para seu modelo de assinatura Twitter Blue ontem (5). A plataforma lançou um serviço que custa US$ 7,99 (R$ 40,23) por mês e inclui a marca de verificação. Essa é uma das maneiras de Musk tentar gerar mais receita. O lançamento, no entanto, foi um pouco atropelado, com um gerente do Twitter admitindo que eles ainda estavam “trabalhando e testando em tempo real”.
O selo azul, que antes era reservado para contas verificadas principalmente de celebridades, políticos, empresas e agências de notícias, agora vem com “metade dos anúncios” e “anúncios muito melhores”, de acordo com um comunicado divulgado ontem.
Os usuários do Twitter que assinarem o serviço de US$ 8 por mês também poderão postar vídeos mais longos e ter seu conteúdo priorizado em respostas, menções e pesquisas.
O lançamento ocorre quatro dias depois de Musk anunciar o plano, tuitando que o “sistema atual de senhores e camponeses da plataforma para quem tem ou não uma marca de seleção azul é besteira”.
Aproximadamente 300 mil dos 237,8 milhões de usuários do Twitter têm a conta verificada, de acordo com a Bloomberg– e esses perfis precisarão pagar a taxa mensal de US$ 8 para manter esse status, apesar de muitos dizerem que provavelmente não pagarão.
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Críticas e dúvidas
Após o anúncio, no entanto, muitos usuários reclamaram que os novos recursos não se materializaram, sugerindo que o processo não estava totalmente pronto para ser implementado. Uma reclamação gerou uma resposta de Esther Crawford, diretora de gerenciamento de produtos do Twitter, que escreveu: “Nós estamos trabalhando e testando em tempo real… mas a nova versão e todos os recursos que a acompanham ainda não estão disponíveis… tudo isso virá em breve!”
Ainda não se sabe se Musk aumentará o preço das assinaturas do Twitter Blue. O Twitter disse que custaria US$ 8 por mês “se você se inscrever agora”, indicando que pode haver um aumento futuro no preço do recurso. Relatórios anteriores sugeriram que Musk poderia cobrar até US$ 20 (R$ 100) por mês, embora ele tenha recuado nesse número quando o autor Stephen King tuitou para ele, dizendo que o Twitter “deveria me pagar”. Musk respondeu: “Precisamos pagar as contas de alguma forma! O Twitter não pode confiar inteiramente nos anunciantes. Que tal US$ 8?”
Empréstimos
O mercado estima que grandes bancos como Bank of America, Barclays e Morgan Stanley emprestaram US$ 13 bilhões (R$ 65,46 bilhões) para Musk financiar sua aquisição de US$ 44 bilhões (R$ 221 bilhões), concluída no fim de outubro. A Forbes estima que seriam necessários 10,4 milhões de usuários pagando pelo Twitter Blue a cada ano para cobrir a dívida.
O analista da empresa de investimentos Wedbush, Dan Ives, estima que as taxas de US$ 8 podem gerar cerca de US$ 230 milhões (R$ 1,1 bilhão) a US$ 290 milhões (R$ 1,4 bilhão), o que é de 4% a 5% do que a empresa ganha em receita de publicidade, “se a adesão for forte”. Quando perguntado se poderia gerar US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões), Ives respondeu: “não”.
Histórico
O Twitter lançou o programa de assinatura Twitter Blue no ano passado como um serviço separado de seu modelo de verificação, cobrando US$ 4,99 (R$ 25,12) por mês e dando aos usuários a capacidade de desfazer tweets, ao mesmo tempo em que fornece uma barra de navegação personalizável e atendimento prioritário ao cliente.
Seu modelo de verificação, entretanto, foi mantido em contas consideradas “autênticas, notáveis e ativas”. A plataforma suspendeu o programa de verificação em 2017 depois de ser revelado que várias contas violavam as políticas da empresa, apesar de terem os selos azuis. O Twitter voltou atrás na suspensão do programa em julho passado.
Falando na Baron Investment Conference na sexta-feira (4), Musk reconheceu que tentou voltar atrás na sua oferta de US$ 44 bilhões (R$ 221 bilhões) desde que a anunciou inicialmente em abril. Ele admitiu que a empresa estava enfrentando “desafios de receita e custos bastante sérios” antes da aquisição, e tem um novo desafio à medida que os anunciantes desativam os anúncios.
Isso começou na semana passada, com grandes empresas como Audi, GM, Pfizer, General Mills, United Airlines e Volkswagen anunciando que estão interrompendo sua publicidade, à medida que crescem os temores de que Musk possa abrir as comportas para discurso de ódio e teorias da conspiração ao afrouxar a moderação do Twitter.
Um grupo de organizações incitou os 20 maiores anunciantes do Twitter a “cessar toda a publicidade” se Musk suspender suas políticas de moderação. O presidente da NAACP (National Association for the Advancement of Colored People), Derrick Johnson, também pediu aos anunciantes que suspendam a publicidade, argumentando que é “imoral, perigoso e altamente destrutivo para nossa democracia” uma empresa financiar um site que “alimenta discurso de ódio, negação eleitoral e teorias da conspiração”.
Musk vinha tentando há semanas persuadir os anunciantes a não deixar a plataforma, comprometendo-se em uma carta aberta na semana passada a não deixar o Twitter cair em uma “cenário infernal” sem consequências. Na última sexta-feira (4), Musk postou um tweet culpando “grupos ativistas” por pressionar os anunciantes a retirar anúncios, argumentando que eles estão “tentando destruir a liberdade de expressão nos Estados Unidos” e dizendo que não fez nada para mudar as políticas de moderação da empresa.
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