Transitar entre diferentes universos nunca foi um problema para Roberta Antunes, sócia e diretora da gestora de criptomoedas brasileira Hashdex. Em 2007, ainda na faculdade de marketing, a empresária conquistou seu primeiro emprego na companhia de varejo online B2W e começou a se apaixonar por tecnologia e inovação.
“Nós estávamos vivendo um boom de tecnologia na época e a B2W estava muito à frente disso. Já existiam companhias no mesmo setor como o Mercado Livre, mas era tudo muito novo”, conta Antunes. “Foi lá que eu me apaixonei pela facilidade que a internet traz e isso se manteve em toda a minha trajetória profissional.”
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Porém, como a vida profissional e pessoal andam lado a lado, foi preciso recalcular a rota. O GPS do destino a levou para os Estados Unidos, onde decidiu começar a empreender com o marido. Os dois abriram uma academia, depois outra. Não foi preciso abrir a terceira para ela perceber que seu caminho não era aquele.
A empresária decidiu focar na educação e se especializar em uma universidade americana. Antes mesmo de finalizar sua aplicação, Antunes recebeu o convite dos irmãos José Eduardo e João Ricardo Mendes para criar uma empresa focada no setor de hotelaria.
“Na época viajar era uma coisa muito cara. Então nós decidimos criar o Hotel Urbano, que tinha a ideia de oferecer hospedagens a um preço justo”, conta Antunes. “Nós aproveitamos a onda do ‘Urbano’ que tinha virado sinônimo de coisa barata com empresas como Peixe Urbano, Clube Urbano e conseguimos surfar nessa oportunidade.”
Ela conta que os sócios pesquisaram o mercado brasileiro e perceberam que mais de 80% dos hotéis do país não pertenciam a grandes redes nem tinha visibilidade. “Então nós trouxemos esses hotéis para o online e trabalhamos muito para criar demanda e aumentar a taxa de ocupação deles”, diz. Em 2015, quando Antunes decidiu seguir novos rumos, o número de funcionários já atingia a casa dos 700.
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De volta aos Estados Unidos, ela conheceu Marcelo Sampaio, empresário que fundou a Hashdex. Na época, ele trabalhava em uma empresa de sistema operacional chamada Endless, em parceria com o filho do guru de investimentos Ray Dalio.
Empolgada com a proposta de levar conectividade a locais de difícil acesso, Antunes aceitou o desafio. “O projeto não tinha nada a ver com o que eu já tinha feito antes, mas era muito conectado com levar educação para todos os lugares e aquilo me tocou muito”, diz. Inicialmente contratada para a área de crescimento, ela chegou ao cargo de CEO em pouco tempo e encabeçou projetos voltados para a área de educação e conectividade.
Apesar de se sentir satisfeita com a posição na Endless, a empresária ainda tinha vontade de empreender e criar empregos no Brasil. De volta à terra natal, ela foi procurada pelo fundador da Hashdex, que lhe ofereceu uma sociedade na companhia recém-criada voltada para o mundo das criptomoedas. A primeira reação foi de susto, já que Antunes nunca havia trabalhado no setor. Porém, como boa amante de desafios, ela aceitou a oferta. Atualmente, como sócia e diretora da companhia, sua meta é levar a Hashdex para fora do Brasil.
“Eu fico muito motivada em entrar em um projeto que é um grande desafio pessoal. Também é muito importante eu saber que tenho as pessoas certas ao meu lado para fazer a ideia dar certo”, diz. “Tenho certeza de que o blockchain é o futuro e confio muito no trabalho que estamos fazendo.”
Investidora-anjo
Antunes conta que há algum tempo começou a perceber que sua experiência poderia ajudar outros empreendedores que passam por situações parecidas e passou a atuar como investidora-anjo, buscando trazer visões diferentes sobre a maneira de fazer negócios.
“Eu não pensava em investir em empresas. Tinha a ideia de que nunca saberia mais sobre a empresa que o fundador. Mas já vivi muitas histórias, vi muitos negócios quebrarem ou terem muito sucesso, então posso ajudar a iluminar o caminho do empreendedor.”