O mundo assistiu em choque na semana passada quando a vida de Sam Bankman-Fried ruiu. Em apenas alguns dias, o fundador de 30 anos e ex-CEO da exchange de criptomoedas FTX passou de uma das 50 pessoas mais ricas dos EUA e uma das figuras mais influentes das criptomoedas para o garoto-propaganda do maior colapso das criptos até hoje.
Um relatório cético da Coindesk sobre as finanças da empresa irmã da FTX, Alameda Research, deu início ao declínio. A revelação de que pelo menos US$ 5,8 bilhões dos ativos da Alameda estavam vinculados ao token nativo da FTX, FTT, fez com que os investidores retirassem freneticamente seus fundos da bolsa. Relatórios posteriores do The Wall Street Journal e outros alegaram que a Alameda Research usou até US$ 10 bilhões em fundos de clientes da FTX para fazer suas apostas – algo que é altamente ilegal.
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Bankman-Fried essencialmente admitiu negociar usando ativos de clientes FTX em uma conversa com um repórter da Vox. A fortuna estimada de Bankman-Fried passou de US$ 17 bilhões para menos de US$ 1 bilhão em dias. A Forbes calcula agora que ela pode estar mais perto de zero.
As empresas Alameda Research, FTX e FTX US declararam falência na sexta-feira, 11 de novembro, e Bankman-Fried deixou o cargo de CEO no mesmo dia (SBF pode ter escondido algum dinheiro de uma participação que supostamente vendeu a investidores ou de US$ 2,7 bilhões em empréstimos que tomou da Alameda Research).
Embora as consequências da implosão da FTX ainda estejam sendo descobertas, uma coisa é clara: poucos outros bilionários caíram tanto e tão rápido quanto Bankman-Fried. Entre aqueles que perderam quase toda a sua fortuna em apenas alguns dias ou semanas estão o investidor Adolf Merckle, que já foi uma das pessoas mais ricas da Alemanha e foi destruído pela crise financeira de 2008, e Kanye West, cujo anti-semitismo levou a sua ruína.
Dois empresários super-ricos que nunca fizeram parte da lista de bilionários da Forbes, mas também tiveram grandes derrotas: Bernie Madoff (falecido em 2021), o infame fraudador que comandou o maior esquema de pirâmide da história, e Bill Hwang, da Archegos Capital Management, cuja empresa de investimentos faliu quase da noite para o dia, levando a perdas estimadas em US$ 10 bilhões para alguns dos maiores bancos do mundo.
Nos últimos 20 anos, outras fortunas implodiram por uma ampla variedade de razões, incluindo fraude e erros. Muitas dessas levaram a processos e até prisão. Isso inclui Elizabeth Holmes, fundadora da agora extinta empresa de exames de sangue Theranos, que foi condenada na sexta-feira (11) a mais de 11 anos de prisão por fraudar investidores. Três outros estão agora atrás das grades, um em prisão domiciliar e outro aguardando julgamento.
A página final da história cada vez mais bizarra da SBF ainda não foi escrita. Enquanto o mundo espera o que o destino reserva para ele e a FTX, aqui está uma lista das maiores quedas de bilionários da história recente – e onde esses indivíduos estão hoje. (Em ordem decrescente do mais recente):
1. Kanye West: um império de calçados derrubado pelo antissemitismo
Patrimônio líquido máximo: US$ 2 bilhões em abril de 2022
Patrimônio líquido atual: US$ 400 milhões
Data da derrocada: outubro de 2022
Depois de Kanye West ter feito uma série de comentários anti-semitas, exposto teorias da conspiração e outros comportamentos controversos, o rapper e designer agora conhecido como Ye foi dispensado pelo principal parceiro de negócios da sua marca Yeezy, a Adidas, em outubro. Isso ocorreu após a rescisão de Ye no mês anterior do que deveria ser um contrato de 10 anos com a varejista de roupas Gap. Também cortaram relações com Ye a grife francesa Balenciaga, a varejista Foot Locker, sua agência de talentos CAA e seu banqueiro JPMorgan. Apesar do colapso de seu império de negócios, Ye ainda tem uma fortuna avaliada em cerca de US$ 400 milhões de seu patrimônio pessoal, incluindo catálogo de músicas, dinheiro e uma participação de 5% na Skims, a marca de modeladores de US$ 3,2 bilhões iniciada por sua ex-esposa, a bilionária Kim Kardashian.
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2. Nirav Modi: joalheiro fugitivo
Patrimônio líquido máximo: US$ 1,8 bilhão em 2015
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2018
O ex-joalheiro das estrelas, cujas peças caras eram usadas por nomes como Kate Winslet, Dakota Johnson e Priyanka Chopra-Jonas está agora na prisão de Wandsworth, no sudoeste de Londres, lutando contra sua extradição para a Índia. No início deste mês, o Tribunal Superior de Londres ordenou sua extradição. O joalheiro de origem indiana, que aspirava ser o próximo Harry Winston com lojas em todo o mundo, foi acusado de fraudar o banco estatal Punjab National em US$ 1,8 bilhão para financiar a expansão de sua agora falida empresa Firestar International.
Modi fugiu da Índia em 2018, pouco antes do escândalo estourar e um ano depois foi visto nas ruas de Londres com um bigode. Ele foi preso logo em seguida. As autoridades indianas estão recuperando as dívidas de Modi confiscando e vendendo seus bens, incluindo sua valiosa coleção de arte. O ex-aluno da Wharton School nasceu em uma família de negociantes de diamantes e cresceu na Bélgica. Ele se mudou para a Índia para aprender o ofício da família com seu tio e deixou o país sozinho em 1999.
3. Rishi Shah: Acusado de fraude, aguardando julgamento
Patrimônio líquido máximo: US$ 3,6 bilhões em 2017
Patrimônio líquido atual: US$ 0
Data da derrocada: 2018
Rishi Shah chamou a atenção como o jovem fundador da startup de mídia de saúde Outcome Health, que largou a faculdade e arrecadou US$ 600 milhões em uma avaliação de US$ 5,6 bilhões em maio de 2017. Dois anos depois de Shah entrar nas fileiras dos bilionários, no entanto, ele e dois altos executivos da Outcome foram acusados de fraude por supostamente terem roubado cerca de US$ 1 bilhão de clientes, credores e investidores ao maquiarem o desempenho financeiro da empresa e o sucesso de seus produtos. O trio se declarou inocente depois de ser acusado em 2019 e deve ser julgado em 2023.
4. John Kapoor: farmacêutico desacreditado na prisão
Patrimônio líquido máximo: US$ 3,3 bilhões em 2015
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2017
O empresário e investidor da indústria farmacêutica John Kapoor foi o fundador, CEO e presidente do conselho da fabricante de opioides Insys Therapeutics. Em outubro de 2017, Kapoor foi preso e acusado de conspirar para subornar médicos para prescrever o spray de fentanil da empresa Subsys, projetado para aliviar a dor relacionada ao câncer, para pacientes que não precisavam dele. A Insys declarou falência e disse que estava encerrando suas operações em 2019. O empresário nascido na Índia, que saiu do ranking de bilionários da Forbes poucos meses após sua prisão, recebeu uma sentença de cinco anos e meio de prisão em 2020 após ter sido considerado por um júri, com outros quatro executivos da Insys, culpado de uma conspiração de extorsão. Ele deve ser libertado em agosto de 2024, de acordo com o Federal Bureau of Prisons.
5. Elizabeth Holmes: ex-poderosa da medicina condenada a 11 anos de prisão
Patrimônio líquido máximo: US$ 4,5 bilhões em 2015
Patrimônio líquido atual: US$ 0
Data da derrocada: 2016
A cofundadora da Theranos, Elizabeth Holmes, já foi a mais popular do mundo da tecnologia por desenvolver um dispositivo que revolucionaria os exames de sangue usando apenas uma ou duas gotas de sangue da ponta do dedo de uma pessoa. Em 2015, a ex-aluna que largou a Universidade de Stanford era a mulher self-made mais rica dos Estados Unidos. Um ano depois, a Forbes reduziu a estimativa do patrimônio líquido de Holmes para nada, depois que a tecnologia se mostrou não confiável e a empresa enfrentou uma série de investigações de agências federais. Em 2018, ela foi indiciada por fraude eletrônica. O caso foi a julgamento em 2021. Durante o julgamento, Holmes tentou culpar seu ex-namorado e ex-presidente e diretor de operações da Theranos, Ramesh “Sunny” Balwani. No entanto, os jurados não acreditaram e condenaram Holmes por quatro acusações de fraude de investidores em janeiro de 2022. Grávida de seu segundo filho, ela foi condenada a mais de 11 anos atrás das grades em novembro de 2022. Balwani também foi considerado culpado e enfrenta até 20 anos de prisão por fraude eletrônica e conspiração para cometer fraude eletrônica.
6. Eike Batista: Outrora o mais rico do Brasil condenado a 30 anos
Patrimônio líquido máximo: US$ 30 bilhões em 2012
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2013
Um homem com ambição descomunal, o empresário brasileiro de petróleo e gás Eike Batista uma vez disse à Forbes que se tornaria a pessoa mais rica do mundo (um título que está com o CEO da Tesla, Elon Musk). Por um tempo, isso parecia possível. No início de 2012, a fortuna de Eike estava avaliada em cerca de US$ 30 bilhões, à medida que os preços de suas empresas de energia de capital aberto, alojadas sob a controladora do EBX, disparavam. Mas em um ano, em meio a falhas no cumprimento das metas financeiras e de produção, seu império de energia começou a desmoronar. Ficou claro que sua principal empresa de petróleo, a OGX, havia superestimado amplamente suas reservas de petróleo. A OGX entrou com pedido de falência em 2013 após deixar de pagar um título de US$ 45 bilhões, marcando a maior inadimplência corporativa da história da América Latina. Batista foi condenado a 30 anos de prisão em 2018 por subornar o agora preso ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com US$ 16,5 milhões em troca de contratos estaduais. Ele está em prisão domiciliar em sua mansão.
7. Vijay Mallya: Bons tempos que se foram
Patrimônio líquido máximo: US$ 1,6 bilhão em 2007
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2012
Conhecido como “Rei dos Bons Tempos” por seu estilo de vida extravagante, Mallya dirigia o United Spirits, uma das maiores empresas de bebidas da Índia, e a agora extinta Kingfisher Airlines. Depois de entrar na aviação em 2005, o empresário das bebidas acumulou dívidas de mais de US$ 1 bilhão com vários bancos indianos, enquanto tentava manter sua difícil Kingfisher Airlines no ar. A certa altura, a segunda maior transportadora doméstica da Índia, a Kingfisher tornou-se insolvente e fechou em 2012. Pilotos e comissários de bordo não foram pagos por meses a fio, enquanto Mallya continuou a dar festas extravagantes, relatou a Forbes na época. Mallya fugiu para o Reino Unido em 2016 após não pagar dívidas com credores do State Bank of India e acredita-se que ainda esteja morando lá hoje; ele é objeto de um esforço de extradição. Mallya foi declarado falida por um tribunal britânico em julho passado, abrindo caminho para os bancos indianos buscarem o pagamento das dívidas pendentes.
8. Allen Stanford: O príncipe da pirâmide
Patrimônio líquido máximo: US$ 2,2 bilhões em 2008
Patrimônio líquido atual: US$ 0
Data da derrocada: 2009
Stanford foi condenado em 2012 por administrar um esquema de pirâmide de US$ 7 bilhões por meio de seu Stanford Financial Group. O ex-bilionário faturou por cerca de duas décadas vendendo certificados de depósito fraudulentos de alto rendimento por meio de seu Stanford International Bank, com sede em Antígua, e depois usando os fundos para investimentos duvidosos e para financiar seu estilo de vida luxuoso, segundo a Justiça. Em 2012, ele foi condenado a 110 anos de prisão, que atualmente cumpre em uma prisão de alta segurança em Coleman, Flórida. As vítimas do esquema de Stanford tiveram seu dinheiro devolvido em um ritmo mais lento do que as vítimas de Bernie Madoff. Até o momento, pouco mais de US$ 1 bilhão foi recuperado. Em janeiro de 2022, um juiz do Texas decidiu que cinco bancos processados em US$ 4 bilhões por um grupo de investidores de Stanford por supostamente facilitarem a vida do fraudador fornecendo-lhe serviços financeiros teriam que ser julgados. Os bancos negaram as acusações e tentaram, sem sucesso, arquivar o processo.
9. Adolf Merckle: uma vítima da crise financeira
Patrimônio líquido máximo: US$ 12,8 bilhões em 2007
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2008
Merckle era um industrial alemão cujo grupo de investimentos foi duramente atingido pela crise financeira de 2008. Para piorar as coisas, uma grande aposta que ele fez contra a Volkswagen AG, saiu pela culatra em outubro daquele ano, quando foi revelado que a gigante automobilística Porsche estava competindo para assumir o controle da empresa, fazendo com que o preço das ações da Volkswagen disparasse. Merckle buscou mais de US$ 1 bilhão em empréstimos-ponte para cobrir as perdas incorridas por seu conglomerado VEM Vermoegensverwaltung. Enquanto seu império caminhava para o colapso, Merckle cometeu suicídio se jogando na frente de um trem perto de sua casa em Blaubeuren, Alemanha, em 2009. Após a morte de Adolf, seu filho Ludwig mudou a fortuna da família, vendendo partes, mas eventualmente se recuperando. Ele agora vale mais de US$ 5 bilhões.
10. Mikhail Khodorkovsky: colapso do homem mais rico da Rússia induzido por Putin
Patrimônio líquido máximo: US$ 15 bilhões em 2004
Patrimônio líquido atual: Não disponível
Data da derrocada: 2006
Ex-chefe da gigante russa de petróleo e gás Yukos, Khodorkovsky já foi o homem mais rico da Rússia, com uma fortuna estimada em US$ 15 bilhões no auge de sua riqueza em 2004. Mas depois de uma disputa pública com Putin sobre a corrupção do governo, Khodorkovsky foi preso por evasão fiscal, peculato e fraude, alegações que ele negou e criticou como motivadas politicamente. A Yukos, que já foi a maior companhia petrolífera da Rússia, foi desmembrada e declarada falida em 2006; a maior parte de seus ativos foi absorvida pela estatal petrolífera Rosneft. Khodorkovsky foi perdoado em 2013 e desde então mudou-se para Londres, onde continua a ser um crítico feroz de Putin. “O mundo não será um lugar seguro enquanto Putin permanecer no poder”, disse o ex-bilionário em maio na conferência anual do Instituto Milken.