O fundador da FTX, Sam Bankman-Fried, é extraditado para os Estados Unidos da capital das Bahamas, Nassau
Dois dos principais auxiliares do empresário de criptomoedas Sam Bankman-Fried se declararam culpados de fraude, principalmente com relação a um esquema para desviar e apropriar-se indevidamente de fundos de clientes da FTX, anunciou o procurador dos EUA, Damian Williams, na noite de ontem (21).
Os dois indivíduos, Caroline Ellison, que foi CEO da empresa comercial Alameda Research, e o cofundador da FTX, Gary Wang, estão cooperando com as autoridades federais dos EUA enquanto investigam Bankman-Fried e seu império que entrou em colapso.
>> Leia mais: Sam Bankman-Fried, Eike Batista e 9 outras derrocadas de bilionários
Ilan Graff, advogado de Wang, disse à Forbes em um e-mail que “Gary aceitou a responsabilidade por suas ações e leva a sério suas obrigações como testemunha cooperante”.
A SEC (Securities and Exchange Commission, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos EUA) e a CFTC (Commodity Futures Trading Commission) também apresentaram acusações de fraude separadamente ontem, acusando Ellison de “manipular o preço do FTT” (criptomoeda da FTX) a pedido do Bankman-Fried – descrevendo um “esquema plurianual” para fraudar investidores de capital. A SEC afirmou que as investigações sobre outras entidades que podem ter participado da má conduta estão em andamento.
No caso da SEC, novos documentos judiciais afirmam que Wang “criou e participou da criação do código de software que permitiu à Alameda desviar fundos de clientes da FTX”. Ellison, por sua vez, “usou os fundos de clientes FTX desviados para a atividade comercial da Alameda”.
O presidente da SEC, Gary Gensler, disse em comunicado que Ellison e Bankman-Fried “conspiraram para manipular o preço do FTT” como uma forma de “aumentar o valor de seu castelo de cartas”.
As confissões de culpa dos dois novos suspeitos forneceram alguma clareza quanto à mentalidade do círculo interno de Bankman-Fried, que incluía não apenas Ellison e Wang, mas também o ex-diretor de engenharia da FTX Nishad Singh, o ex-co-CEO da FTX Digital Markets Ryan Salame, e o ex-co-CEO da Alameda Research Sam Trabucco. Arquivos judiciais revelaram recentemente que Salame denunciou a atividade da FTX aos reguladores das Bahamas.
Em uma série de entrevistas concedidas por Bankman-Fried antes de sua prisão nas Bahamas na semana passada, o problemático CEO parecia colocar parte da culpa em seus ex-colegas e amigos.
No início deste mês, Bankman-Fried foi acusado de oito crimes, incluindo lavagem de dinheiro e fraude eletrônica, de acordo com uma acusação sem sigilo do Ministério Público dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York.
O fundador da startup de criptomoeda inicialmente procurou lutar contra a extradição para os EUA na capital das Bahamas, Nassau, onde viveu por quase dois anos, mas concordou em abrir mão de seu direito a uma audiência depois de passar vários dias na prisão de Fox Hill na ilha.
Williams, procurador dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, também disse na declaração em vídeo de ontem que Bankman-Fried “está agora sob custódia do FBI”.
No início da semana, a FTX anunciou que tentará recuperar as doações que a empresa e Bankman-Fried fizeram para instituições de caridade, campanhas políticas e outras causas. Bankman-Fried também foi acusado de violar as leis de financiamento de campanha por supostamente doar para políticos sob o nome de outros indivíduos.
Os advogados de Ellison e Wang não puderam ser imediatamente contatados para comentar.
(Com a colaboração de Cyrus Farivar)
>> Leia mais: Os sinais vermelhos do FTX que ninguém parecia ver
