O mercado financeiro reagiu com tranquilidade à confirmação da indicação de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda. No fim da manhã, quando o nome do ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação foi confirmado para o Ministério (que deverá ser desmembrado, com a volta das pastas da Fazenda, do Planejamento e do Desenvolvimento), o Ibovespa indicava uma leve alta de 0,47%. O dólar subia 0,8% para R$ 5,259 na venda.
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Além de Haddad, foram confirmados os nomes do atual governador baiano Rui Costa para o ministério da Casa Civil, do ex-governador maranhense Flávio Dino para o ministério da Justiça e Segurança Pública, que deverá ser desmembrado, e de José Múcio Monteiro para o Ministério da Defesa. Monteiro é atualmente ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Também foi confirmado o nome de Mauro Vieira para o Ministério das Relações Exteriores.
Especulação
O nome de Haddad vinha circulando há alguns dias. Advogado de formação, com mestrado em economia e doutorado em filosofia, Haddad não é considerado alinhado com o mercado financeiro, e sua indicação se insere na “cota pessoal” do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar da reação tranquila, há algumas restrições a seu nome por parte da Faria Lima. “Ele não tem uma carreira no mercado financeiro, o que deixa as pessoas mais apreensivas em relação aos projetos que virão”, diz o economista Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.
No entanto, diz Marcatti, o titular da pasta da Fazenda não tem necessariamente de ser um técnico. “Pode ser um político, e esse é o perfil do [Fernando] Haddad: alguém próximo do presidente eleito e de relacionamento fácil com as lideranças políticas”, diz ele. “O governo tem muitos técnicos de excelente qualidade, pessoas muito capacitadas e que não são muito conhecidas.” Segundo o executivo da Veedha, mais importante que a pessoa é o plano de governo.
Segundo Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, “Haddad cuidou do lado fiscal da cidade quando foi prefeito de São Paulo”. Para o economista, agora o mercado vai ficar atento aos nomes que ainda vão surgir, como os secretários do Tesouro e da Receita Federal. E também as propostas fiscais do novo governo. Segundo Carvalho, é provável que ressurjam o imposto sobre os combustíveis, que seja proposto o fim de vários subsídios e que algumas medidas como a taxação dos dividendos voltem à pauta.