As ações da Tesla caíram 9% ontem (22), para o nível mais baixo desde outubro de 2020, depois que a empresa aumentou os descontos em seus veículos elétricos, enquanto investidores ficam cada vez mais céticos sobre a história de crescimento da empresa. Isso especialmente no momento em que seu CEO, Elon Musk, tem uma nova menina dos olhos, o Twitter.
A gota d’água para as ações da Tesla
É o terceiro pior dia para as ações da Tesla em 2022, colocando a capitalização de mercado da empresa em US$ 393 bilhões (R$ 2 trilhões), quase 70% abaixo de sua marca de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,2 trilhões) em janeiro.
As preocupações com a diminuição da demanda por carros da Tesla após seus últimos cortes de preços são “a gota d’água” para as ações da Tesla, disse Dan Ives, analista da empresa de investimentos Wedbush à Forbes, acrescentando que as preocupações recentes estão “colocando lenha na fogueira” das ações da Tesla.
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Pano de fundo
As perdas da Tesla ontem (22) superaram um dia também terrível para o mercado. O índice S&P 500 e a Nasdaq caíram 1,4% e 2,2%, respectivamente. Os únicos dias piores para as ações da Tesla em 2022 foram 27 de janeiro e 26 de abril, um dia depois que o Twitter concordou com a oferta de aquisição de Musk.
O bilionário, que vendeu US$ 22,9 bilhões (R$ 118 bilhões) em ações da Tesla para financiar a compra do Twitter e atraiu a ira de Wall Street por gastar seu tempo com a empresa de mídia social, tem sua própria explicação para a queda dos preços das ações: a persistência do Federal Reserve (o Banco Central dos EUA) em aumentar as taxas de juros.
Respondendo a um investidor que sugeriu que a Tesla agora basicamente “não tem CEO”, Musk explicou que o declínio nas ações da Tesla se deve simplesmente à relação inversa histórica entre os preços das ações e as taxas de juros. O bilionário sul-africano está certo sobre o mercado se debater com as taxas de juros do Fed, com o S&P caindo 21% no acumulado do ano. Mas considerando que a Tesla teve o 492º melhor desempenho no índice até ontem (22), fatores mais específicos certamente estão em jogo.
A Tesla registrou 13 trimestres lucrativos consecutivos, relatando mais recentemente um lucro de US$ 3,29 bilhões (R$ 17 bilhões) no trimestre encerrado em 30 de setembro. E o Morgan Stanley recentemente nomeou a empresa como uma de suas escolhas de ações de maior valor para 2023.
No entanto, a relação entre preço e lucro, uma métrica que mede a confiança dos analistas no crescimento futuro de uma empresa comparando os lucros previstos com o preço atual das ações, é de apenas 27,1, de acordo com os últimos dados do Yahoo! Finance. Isso está abaixo da relação preço/lucro futura de 121,95 da Tesla há 12 meses, e também fica atrás de ações que normalmente não são citadas como de alto crescimento, incluindo Costco e Hershey.
“O fiasco impulsionado por Musk é um desastre de proporções épicas, com a Tesla e o Twitter em uma teia de aranha”, disse Ives, da Wedbush, ontem (22).
Queda na fortuna de Musk
Estimamos que Musk valha US$ 147,6 bilhões (R$ 765,5 bilhões), uma queda de 55% em relação a novembro. Ele é o segundo homem mais rico do mundo, mas agora está mais próximo do terceiro homem mais rico do mundo, o indiano Gautam Adani, do que do homem mais rico, Bernard Arnault, proprietário da LVMH.