Ontem (27), os advogados do escritório Warde Advogados, contratado pelo Bradesco (BBDC4) em sua disputa com a Americanas (AMER3), elevaram o tom contra a varejista. Em um comunicado ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), eles questionaram uma decisão da Americanas na quinta-feira (26). A dívida da varejista com o banco é estimada em R$ 4,7 bilhões.
Para entender esse mais recente movimento. Na quinta-feira (26), o TJ-SP aceitou um pedido do Bradesco para apreender o conteúdo de e-mails de executivos e funcionários da companhia dos últimos dez anos. O pedido, em caráter de urgência, era para a “produção de provas antecipadas”, relacionadas ao rombo contábil que levou a Americanas à Recuperação Judicial (RJ).
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No dia seguinte, a Americanas recorreu da decisão. A empresa informou que os fatos que levaram às inconsistências contábeis devem ser objeto de apuração, mas não reconhece a fraude. Segundo a empresa, houve “pressa” do Bradesco ao pedir a busca e apreensão dos e-mails. “[E]ssa averiguação (…) não pode ser promovida de forma atabalhoada, com dispêndio de recursos excessivos e com diligências improdutivas e inócuas”, diz o recurso.
No início da noite da sexta-feira veio o contragolpe. Os advogados do banco questionaram o recurso em termos duros. O documento entregue ao TJ-SP afirma que a varejista “foi palco para uma das maiores fraudes contábeis da iniciativa privada”.
Os advogados do Bradesco dizem que “causa perplexidade a postura da Americanas nesta ação, onde parece fazer o possível e o impossível para impedir que a fraude seja investigada”. Um dos pontos questionados pelos representantes do banco é a remuneração dos executivos e o pagamento de dividendos. Ainda citando a eventual fraude, os advogados defendem que “aqueles por ela individualmente responsáveis sejam devidamente apenados por terem se locupletado às custas de uma companhia aberta e em prejuízo de todos os seus stakeholders”.
Na parte mais crítica do texto, os advogados questionam diretamente a atuação do executivo Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil que presidiu a Americanas por nove dias, no início do ano. No texto, o escritório questiona como Rial, “em um lampejo de genialidade numérica que nem o mercado financeiro está acostumado a ver, teria conseguido identificar sozinho as ‘inconsistências contábeis’ bilionárias que por mais de uma décadas passaram desapercebidas por todos os diretores, conselheiros e acionistas”. Para os advogados, isso é uma “historinha mal-ajambrada”.