A Americanas apresentou hoje (25) uma extensão dos efeitos de proteção assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil, em um processo conhecido como “Chapter 15”, de acordo com um documento judicial.
Segundo o documento, “os diretores aprovaram, por unanimidade, a apresentação do pedido de recuperação judicial da Companhia nos Estados Unidos da América (Chapter 15), estendendo os efeitos –incluindo também a proteção oferecida– da recuperação judicial da Companhia e das suas subsidiárias… perante a 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro…, conforme aplicável, aos Estados Unidos da América”.
A companhia disse à Reuters que o documento não representa um pedido de recuperação judicial naquele país.
A Justiça do Rio de Janeiro aceitou na semana passada pedido de recuperação judicial da Americanas, que cita dívidas de cerca de R$ 43 bilhões e foi feito oito dias após a empresa ter revelado um rombo contábil de R$ 20 bilhões.
Mais cedo, a empresa divulgou uma lista de 7.720 credores e dívidas totalizando R$ 41,2 bilhões em seu processo de recuperação judicial no Brasil.
A companhia, que tem como acionistas de referência o mesmo trio de investidores que fundou a 3G Capital, pediu recuperação judicial na semana passada, após revelar “inconsistências” contábeis. No domingo, Lemann, Telles e Sicupira se pronunciaram pela primeira vez sobre o caso e afirmaram que não tinham conhecimento sobre os problemas da empresa.
O movimento levou grandes investidores, como BlackRock e Capital International, a reduzirem suas posições na empresa.
O Deutsche Bank liderava a lista de credores inicialmente divulgada pela Americanas, com R$ 1 bilhão, mas o banco alemão disse posteriormente que não tem relação de empréstimo ou exposição de crédito à companhia.
“O Deutsche Bank não foi afetado, pois não tem uma relação de empréstimo nem qualquer exposição de crédito à empresa em questão”, afirmou.
Bancos com exposição à varejista, de acordo com a lista divulgada pela Americanas, incluem Bradesco, com R$ 4,51 bilhões; Santander Brasil, com R$ 3,65 bilhões; BTG Pactual, com R$ 3,5 bilhões; Itaú Unibanco, com R$ 2,73 bilhões e Safra, com R$ 2,5 bilhões.
O BV aparecia inicialmente com R$ 3,28 bilhões, mas o banco também informou à imprensa que a lista “não reflete a sua real exposição”. A instituição disse que na data da revelação das inconsistências contábeis da Americanas era credor de Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) com saldo devedor de aproximadamente R$ 206 milhões.
Ontem, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o bloqueio de cerca de R$ 1,2 bilhão da Americanas em poder do BTG Pactual, que havia sido obtido via mandado de segurança impetrado pelo banco de investimentos.
O BTG entrara na Justiça contra decisão que, entre outras matérias, concedia à varejista o direito de reaver valores compensados por credores no âmbito de decisão judicial de 13 de janeiro.
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A Americanas também conseguiu decisão favorável contra “arresto/sequestro dos valores reclamados pela companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim”. O dinheiro bloqueado voltará a ser de propriedade da companhia, no entanto, deverá ser mantido em depósito judicial.
A companhia já havia divulgado que a BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, reduziu sua participação na empresa para cerca de 0,12% das ações, mais 0,36% via instrumentos de derivativos. Em dezembro, segundo dados no site da Americanas, essa fatia era ao redor de 5,05%.
No começo da semana, a Capital International Investors (CII) comunicou a companhia sobre a redução de sua participação acionária na varejista de 7,04% para 4,07%.