O dólar à vista caiu mais de 1% ante o real hoje (25), para o patamar mais baixo em quase três meses, à medida que movimento de entrada de recursos vindos do exterior segue dando suporte à divisa brasileira.
No exterior, a moeda norte-americana mostrou enfraquecimento, em especial a partir do meio do pregão, o que também teve influência no movimento local. Ainda assim, o desempenho do real foi bem superior aos de seus pares emergentes e divisas de países desenvolvidos.
O dólar à vista caiu 1,21%, a R$ 5,08 na venda, menor nível de fechamento desde 4 de novembro do ano passado (R$ 5,05).
O pregão foi de feriado na cidade de São Paulo.
O dólar acumula queda de 2,46% desde a última segunda-feira (23), mais do que compensando o avanço de 1,98% na semana passada.
“Eu acredito que o fator principal seja mesmo o fluxo estrangeiro”, disse à Reuters a chefe de análise de trading na Toro Investimentos, Stefany Oliveira, que vê potencial de maior recuo caso o dólar consiga romper o nível dos 5,07 reais.
A expectativa de que o ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve esteja próximo do fim vem impulsionando o fluxo de recursos ao Brasil, segundo agentes financeiros.
A aposta majoritária no mercado é de elevação da taxa em 0,25 ponto percentual pelo banco central norte-americano em reunião na próxima semana, o que significaria uma nova redução de ritmo do aperto monetário.
A estabilização dos juros nos EUA tender a aumentar a atratividade do real, principalmente devido a operações no mercado baseadas no diferencial de juros entre os países, o chamado “carry trade“.
Outros fatores também foram citados por analistas como gatilhos para esse fluxo ao Brasil, incluindo a reabertura da China, que eleva a entrada de recursos em países emergentes, a sustentação de preços de commodities e, para alguns, visão mais favorável do investidor estrangeiro com a cena doméstica em comparação ao investidor local.
O dólar recuava cerca de 0,30% frente a uma cesta de moedas fortes, após desempenho mais estável pela manhã. O enfraquecimento da moeda norte-americana impulsionou ainda mais o real durante o pregão, que desde a abertura já descolava de pares emergentes e das principais divisas do globo.
Investidores mostraram-se mais hesitantes nos mercados internacionais nesta sessão, atentos a decisões de política monetária semana que vem nos Estados Unidos e na zona do euro. Parte dos mercados na Ásia está fechada para as comemorações de Ano Novo Lunar, o que tende a reduzir a liquidez.
No mais, operadores monitoraram declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse nesta quarta-feira, em pronunciamento ao lado do presidente do Uruguai, Luís Alberto Lacalle Pou, em Montevidéu, ser possível o Mercosul firmar um acordo comercial com a China e que as negociações irão começar assim que o bloco concluir as negociações com a União Europeia.
Um dos principais objetivos da viagem de Lula a Montevidéu era negociar com o presidente do Uruguai para preservar o Mercosul, que se vê ameaçado pela decisão uruguaia de negociar acordos de livre comércio à revelia do bloco, em especial com a China.