O IPCA-15 iniciou o ano em leve aceleração da alta sob o impacto de saúde e alimentação, depois de a inflação ter estourado o teto da meta pelo segundo ano seguido em 2022, mantendo a pressão sobre o Banco Central.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou alta em janeiro de 0,55%, depois de ter subido 0,52% em dezembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados hoje (24).
Assim, o índice considerado prévia da inflação oficial passou a acumular em 12 meses alta de 5,87%, de 5,90% em dezembro. A meta para a inflação este ano é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
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Os resultados ficaram acima das expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,52% no mês e de 5,83% em 12 meses.
No ano passado, a inflação medida pelo IPCA fechou com alta acumulada de 5,79%, pressionada principalmente por alimentação.
Já 2023 começou sob o impacto das altas de 1,10% de Saúde e cuidados pessoais e de 0,55% e Alimentação e bebidas.
No primeiro caso, o resultado foi influenciado principalmente por higiene pessoal (1,88%), perfume (4,24%) e produtos para pele (3,85%).
Já no caso de alimentação, os aumentos dos preços da batata-inglesa (15,99%), do tomate (5,96%), do arroz (3,36%) e das frutas (1,74%) provocaram uma alta de 0,61% nos preços dos alimentos para consumo no domicílio.
Em janeiro, todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, sendo que a maior variação foi registrada pelo grupo Comunicação, de 2,36%.
A intensa pressão inflacionária ao longo do ano passado levou o Banco Central a realizar forte aperto monetário que levou a Selic aos atuais 13,75%, patamar que deve ser mantido quando a autoridade monetária voltar a se reunir em 31 de janeiro e 1 de fevereiro.
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As projeções do BC atualizadas em dezembro são de que a inflação seguirá em queda neste ano, terminando 2023 em 5%, nível inferior ao de 2022, mas ainda acima do teto da meta, de 4,75%.
De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, os motivos para isso são principalmente a hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis neste ano e os efeitos inerciais da inflação de 2022, embora esses efeitos sejam compensados pela política monetária contracionista.
Pesquisa Focus realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa do mercado é de que a inflação encerre este ano a 5,48% e 2024 a 3,84%.