As ações Raízen chegaram a recuar quase 6% nesta segunda-feira (30), após anúncio de “block trade” para a venda de cerca de 330 milhões de ações (24,32% dos papéis em circulação no mercado), a R$ 3,15 cada.
Em relatório, a XP afirmou que o leilão era para a Hédera, do Grupo Louis Dreyfus, ex-controlador da Biosev, vender sua participação integral na joint venture entre a Shell e Cosan.
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A fatia da Hédera, segundo a XP, resulta da aquisição da Biosev pela Raízen, um acordo que envolveu pagamento de R$ 3,6 bilhões e ações.
Às 14:59, os papéis da produtora de açúcar e etanol de cana-de-açúcar caíam 5,56%, a R$ 3,23, entre as maiores quedas do Ibovespa, que cedia 0,04%. No pior momento, chegaram a R$ 3,22 (-5,85%). No mesmo horário, Cosan perdia 3,09%
“A venda total da fatia da Hédera resultado de um acordo deste tamanho e a esse nível de preço dá uma leitura negativa para a companhia”, afirmaram Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, da XP, no relatório enviado mais cedo.
No entanto, ponderaram, precisa ser esclarecido se a razão por trás da venda pela Hédera é por preocupações macro, como incertezas relacionadas à política de preços da Petrobras, ou algo específico envolvendo a companhia.
Eles acrescentaram que a falta de definição da política de paridade de preços da petrolífera estatal e a dúvida sobre a reoneração ou não dos preços de combustíveis trazem um nível elevado de incertezas para a Raízen no curto prazo.
“Adicionalmente, nós temos a opinião de que os pares estão evoluindo em relação à Raízen, e a diferenciação de serviço da marca Shell parece estar desaparecendo, na nossa visão”, acrescentaram.
“O alto nível de incertezas junto com esse aumento da avaliação negativa sobre a Raízen têm levado investidores a saírem da tese, enquanto novos negócios ainda tem um elevado risco de execução em torno deles.”
Os analistas da XP ponderaram que a companhia ainda precisa divulgar um fato relevante sobre a venda da participação da Hédera, quando podem detalhar as razões para a operação.
“No entanto, com a Hédera do lado vendedor, nos queremos entender quem está no lado comprador, que pode dar uma leitura interessante sobre as expectativas de mercado”, afirmaram.
No aviso publicado na Agência Bovespa sobre a operação, o BTG Pactual, que foi a corretora intermediadora, informou que seu cliente vendedor desconhece qualquer informação relevante sobre a empresa que não seja de domínio publico.