As famílias brasileiras estão cada vez mais endividadas e inadimplentes, segundo a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor) da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Em 2022, a cada cem famílias, 78 estavam com dívidas – é um recorde para a série histórica da Peic, iniciada em 2010.
Entre 2020 e 2022, a proporção de famílias endividadas no país aumentou de 66,5% para 77,9%. No mesmo período, a taxa básica de juros, a Selic, aumentou de 2% para os atuais 13,75%.
Com os juros elevados e a inflação corroendo o poder de compra do dinheiro, a solução para muitos brasileiros é buscar formas alternativas de crédito, que ofereçam taxas melhores de empréstimo.
É o caso do auto equity – modalidade de empréstimos que usam os automóveis como garantia de pagamento, com acesso a mais dinheiro, mais prazo e menos juros.
Dados da Creditas concedidos à Forbes mostram que, entre 2020 e 2022, a busca por crédito com garantia em automóveis aumentou 275%. As principais intenções de uso para o dinheiro foram: quitar dívidas (aumento de 210%) e empreender (223%).
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Luana Bichuetti, vice-presidente de auto equity na Creditas, afirma que o aumento de empréstimos na categoria nos últimos dois anos é positivo, mas ainda limitado.
“Existe uma barreira de entendimento do que é o produto em si. No mercado internacional é muito comum o uso de bens próprios como garantia, no Brasil não. As pessoas têm medo, acham que a partir do momento que você aliena o carro ou a casa, os bens não são mais seus”, diz Bichuetti.
Entretanto, para a vice-presidente, ao descobrir do que se trata o produto, a opção se torna atrativa para quem está em busca de dinheiro. “Os juros estão muito altos, então o cliente quer opções. Quando ele descobre que o auto equity oferece parcelas prolongadas, juros menores e acesso a um volume maior de dinheiro, passa a ser um negócio atrativo”, segundo Bichuetti.
Na Creditas, o cliente pode solicitar de R$ 5 mil a R$ 150 mil com o empréstimo, a depender do valor do veículo, que pode ser alienado em até 90%. O prazo de pagamento é de 60 meses e os juros são de 1,49% ao mês.
Para efeito comparativo, em fevereiro, a taxa média de juros para empréstimo pessoal estava em 7,66% ao mês, conforme levantamento do Procon-SP. Já no cheque especial, o juros médio mensal praticado pelos bancos foi de 7,96% – próximo ao teto estabelecido pelo Banco Central, de 8% ao mês.
Além da Creditas, outras instituições oferecem o auto equity. No Banco Pan, por exemplo, o veículo pode ser alienado em até 100% do seu valor e a taxa de juros mensal é de 1,39%. Outras instituições que oferecem estes empréstimos são Banco do Brasil, Santander, Banco BV, C6 Bank e mais.
Bichuetti acredita que a modalidade continuará crescendo neste ano, visto que a taxa Selic seguirá alta por mais tempo, segundo sinalizações do Banco Central. Além disso, a CNC projeta que os níveis de endividamento das famílias brasileiras também continuarão altos.
“É importante que as pessoas entendam que alienar o veículo para um empréstimo não significa perdê-lo. O automóvel continua com as pessoas, é só uma garantia para o caso de não cumprimento das parcelas e, ainda assim, não é feito de uma hora para a outra”, diz a vice-presidente.