Os gastos do consumidor dos Estados Unidos se recuperaram de forma acentuada em janeiro em meio a um forte crescimento da renda, enquanto a inflação acelerou, o que pode aumentar os temores dos mercados financeiros de que o Federal Reserve possa continuar elevando os juros ao longo do ano.
Os gastos do consumidor, que representam mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 1,8% no mês passado, informou o Departamento de Comércio nesta sexta-feira (24). Os dados de dezembro foram revisados para cima para mostrar que os gastos caíram 0,1%, em vez de recuar 0,2%, conforme relatado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam uma recuperação de 1,3% nos gastos do consumidor.
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Os gastos devem ter sido impulsionados por um ajuste de custo de vida de 8,7%, o maior aumento desde 1981, para mais de 65 milhões de beneficiários do Seguro Social, o que aumentou a renda. Também foram possivelmente influenciados pelas dificuldades de eliminar as flutuações sazonais dos dados no início do ano. Alguns economistas esperam uma compensação em fevereiro.
No entanto, o forte desempenho colocou os gastos do consumidor em uma trajetória de maior crescimento no início do primeiro trimestre. Os gastos do consumidor desaceleraram no quarto trimestre de 2022, com a maior parte da perda de impulso ocorrendo nos últimos dois meses do ano.
A força nos gastos do consumidor, combinada com um mercado de trabalho resiliente, sugere que a economia dos EUA está longe da recessão. A Moody’s Analytics acredita que a economia experimentará uma desaceleração em que o crescimento quase estagnará, mas nunca retrocederá.
O Fed deve realizar dois aumentos adicionais de 25 pontos-base nos juros em março e maio, e os mercados financeiros estão apostando em outro aumento em junho. O banco central norte-americano elevou sua taxa de juros em 450 pontos-base desde março passado, de quase zero para uma faixa de 4,50% a 4,75%.
O índice de PCE (preços de despesas de consumo pessoal) disparou 0,6% no mês passado, após alta de 0,2% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, o índice PCE acelerou a 5,4%, após alta de 5,3% em dezembro.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços do PCE aumentou 0,6%, após alta de 0,4% em dezembro. O chamado núcleo do PCE aumentou 4,7% na base anual em janeiro, após avançar 4,6% em dezembro.
O Fed rastreia os índices de preços PCE para a determinação da política monetária. O governo informou na quinta-feira (23) que a inflação aumentou muito mais rápido do que se pensava inicialmente no quarto trimestre, refletindo principalmente revisões para cima de dados de preços ao consumidor e ao produtor divulgados neste mês. Isso deixou alguns economistas esperando que o caminho para a desinflação seja lento e acidentado.