Os últimos meses não foram fáceis para o setor de criptomoedas. Os investidores tiveram que lidar com o colapso da stablecoin TerraUSD, a crise da exchange FTX e a quebra de várias empresas do segmento em meio à desvalorização do bitcoin para um valor 75% abaixo do recorde, de US$ 69 mil.
Entretanto, uma área vem avançando, a de green mining (mineração verde). Esse segmento busca reduzir os impactos ambientais na atividade de mineração do bitcoin. A Arthur Mining é uma dessas empresas.
Fundada nos Estados Unidos pelos sócios brasileiros Ray Nasser e Rudá Pellini, em 2017, a Arthur Mining desenvolve e implementa data centers de alto desempenho para mineração de bitcoins. Os sistemas otimizam o consumo de energia ociosa das empresa, usando hardware e software.
A empresa acabou de captar US$ 4,6 milhões (R$ 23,5 milhões) em uma rodada de investimentos com family offices focados em energia e infraestrutura para expandir a operação nos Estados Unidos e iniciar uma vertente aqui no Brasil. O objetivo é atingir um crescimento de 400% no ano e uma receita de US$ 40 milhões (R$ 210,90 milhões).
“Fecharmos uma rodada deste tamanho em meio a um dos momentos mais desafiadores do mercado, com outras empresas do setor em recuperação judicial e falência, foi um grande marco para a Arthur Mining”, diz Nasser, CEO da empresa.
Segundo ele, como os ASICs (máquinas essenciais para minerar bitcoin e criptomoedas) possuem alta correlação de preços com o bitcoin, o momento para expandir as operações é o mais oportuno possível. “Conseguimos adquirir os ativos com um grande desconto [até 70%], inclusive de parte do inventário de players menos eficientes do mercado”, afirma o CEO da Arthur Mining.
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Chegada no Brasil
Nasser conta à Forbes que o objetivo da Arthur Mining é chegar ao Brasil até março. Segundo ele, aqui, a startup terá acesso à energia ociosa de fontes renováveis por um valor muito menor do que nos Estados Unidos. No Brasil, o preço é de US$ 15 por megawatt (MW). Nos EUA, as duas formas de energia usadas pela empresa saem por US$ 50 e US$ 20 por MW.
A Arthur Mining irá focar em soluções e tecnologias para geração e comercialização de energia renovável no país. “Nosso negócio é para atender uma demanda das empresas de energia que possuem excedente disponível ou estão comercializando mal a energia gerada”, conta o CEO.
Segundo ele, a mineração de bitcoin é um meio, e não um fim para a Arthur Mining. “Ainda que o negócio de mineração tenha uma exposição direta ao setor de criptomoedas, conseguimos crescer mais do que a média enquanto o mercado em si está sofrendo”.
A startup encerrou 2022 operando cerca de 15 MW nos Estados Unidos. Para 2023 a meta é operar cerca de 60 MW e aumentar a base de clientes, que atualmente está em 20 empresas. A empresa conta atualmente com 40 funcionários e, para a operação no Brasil, projeta contratar 20 profissionais até dezembro.
“Acredito que o ano tende a ser positivo para o bitcoin, o que beneficiará as empresas do setor. A adoção [do green mining] vem aumentando gradativamente e isso se refletirá em soluções mais robustas para os usuários e alternativas mais acessíveis para o setor”, afirma Nasser.