As ações de bancos europeus mostravam fortes quedas hoje (24), com Deutsche Bank e UBS Group afetados por preocupações de que os piores problemas no setor desde a crise financeira de 2008 ainda não foram contidos.
O Deutsche Bank operava em baixa de 13% na manhã de hoje, enquanto o UBS recuava mais de 6%. Os papéis do banco alemão caem há três sessões seguidas, pressionados por salto no custo de seguro dos títulos da instituição contra risco de inadimplência.
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As ações do Deutsche Bank perderam um quinto de seu valor até agora este mês e o custo dos credit default swaps (CDS) – uma forma de seguro para detentores de títulos – saltou para uma máxima de quatro anos nesta sexta-feira, com base em dados da S&P Market Intelligence.
“O Deutsche Bank tem se mantido no centro das atenções por um tempo agora, de maneira semelhante ao que ocorreu com o Credit Suisse”, disse Stuart Cole, macroeconomista-chefe da Equiti Capital.
“O banco passou por várias reestruturações e mudanças de liderança na tentativa de recuperá-lo em uma base sólida, mas até agora nenhum desses esforços parece ter realmente funcionado.”
O Deutsche Bank se recusou a comentar quando contatado pela Reuters.
O setor bancário global tem sido abalado desde o colapso repentino neste mês de dois bancos regionais dos Estados Unidos. Os formuladores de políticas monetárias enfatizam que a turbulência é diferente da crise financeira global de 15 anos atrás, dizendo que os bancos estão mais capitalizados e os fundos disponíveis com mais facilidade.
Mas as preocupações seguem entre os investidores após a compra emergencial do Credit Suisse pelo UBS no domingo passado.
Autoridades suíças e o UBS estão correndo para concluir a aquisição em menos de um mês, segundo duas fontes com conhecimento dos planos.
Fontes diferentes disseram à Reuters que o UBS prometeu pacotes de retenção para os executivos da área de gestão de patrimônio do Credit Suisse na Ásia para conter um êxodo de talentos.
A Jefferies reduziu recomendação sobre as ações do UBS de “comprar” para “manter”, dizendo que a aquisição do Credit Suisse muda a tese de investimento no UBS, que se baseava em um perfil de risco mais baixo, crescimento orgânico e altos retornos de capital.
“Todos esses elementos, que é o que os acionistas do UBS compraram, desapareceram, provavelmente por anos”, disse.
Separadamente, a Bloomberg News publicou que o Credit Suisse e o UBS estão entre os bancos sendo investigados pelo governo dos EUA sobre eventual apoio de executivos das duas instituições a oligarcas russos contra sanções aplicadas por Washington.
O Credit Suisse e o UBS se recusaram a comentar, enquanto o Departamento de Justiça dos EUA não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.
As preocupações dos investidores sobre o setor financeiro se espalhavam, com o índice dos principais bancos europeus caindo 5% e o de bancos britânicos perdendo 4,4%, em baixa pela terceira sessão consecutiva.
“Ainda estamos no limite, esperando que outro dominó caia, e o Deutsche é claramente o próximo na mente de todos (injustamente ou não)”, disse Chris Beauchamp, analista-chefe de mercado da IG.
“Parece que a crise bancária não foi totalmente resolvida”, afirmou Beauchamp.