A operadora de shoppings center Aliansce Sonae teve queda de 86% no lucro líquido do quarto trimestre de 2022 ante igual período do ano anterior, pressionada por despesas da fusão com a rival brMalls, mas elevou em até R$ 50 milhões a projeção de sinergias operacionais com a transação, conforme divulgado pela companhia hoje (23).
A Aliansce Sonae teve lucro líquido, sem ajuste de aluguel linear, de R$ 19,8 milhões entre outubro e o fim de dezembro, derrocada de 85,9%. O resultado considera a companhia antes da fusão, já que o negócio foi concluído apenas no começo de janeiro deste ano.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado atingiu R$ 242,8 milhões no trimestre, queda de 3,8% ano a ano.
Daniella Guanabara, diretora financeira e de relações com investidores da Aliansce Sonae, disse que despesas não recorrentes referentes à aquisição pesaram sobre o lucro. “São consultores que nos ajudaram, advogados, consultoria de integração”, afirmou ela à Reuters, acrescentando também o impacto negativo do resultado financeiro na última linha do balanço, diante do nível elevado da taxa de juros.
Enquanto a transação com a brMalls pressiona os resultados recentes, a expectativa para os próximos anos melhorou após a conclusão da fusão, à medida que as empresas tiveram acesso a mais documentos internos.
A Aliansce Sonae elevou hoje (23) a projeção de sinergias operacionais com a transação para entre R$ 180 milhões e R$ 210 milhões até 2028, em número que envolve tanto cortes de despesas como ganho de receitas. Antes, a estimativa era de R$ 160 milhões.
Além disso, as sinergias financeiras, que eram esperadas em R$ 50 milhões, já foram capturadas. “As sinergias financeiras nós conseguimos alcançar até mesmo antes da integração das empresas, porque a brMalls conseguiu emitir uma dívida a um custo mais barato e conseguiu pré-pagar umas dívidas de custos mais caros que era a origem dessa sinergia financeira.”
A executiva adiantou que em janeiro e fevereiro de 2023 a companhia combinada teve vendas totais 19% acima do mesmo período do ano passado. “Mesmo com essas notícias que tivemos de varejistas, isso não impactou vendas no começo do ano”, afirmou.
A companhia também revelou a conclusão, em fevereiro deste ano, da venda de 10% do Passeio das Águas Shopping, em Goiânia, com “cap-rate” (taxa de capitalização) de 8,5%, considerando a avaliação do ativo em R$ 450 milhões.