O trio de gigantes da tecnologia dos Estados Unidos pode acumular cerca de US$ 431 bilhões (R$ 2,26 trilhões) em valor de mercado se o país proibir o uso do TikTok, segundo análise de Bernstein publicada na última semana. O debate acontece em meio ao julgamento do Congresso sobre o aplicativo de mídia social chinês e o controle de dados que a China teria dos cidadãos americanos por meio do acesso à plataforma.
Um relatório de uma equipe de analistas da Bernstein, liderada por Mark Shmulik, afirma que Alphabet (controladora do Google), Meta e Snap podem ser beneficiadas com o fechamento do aplicativo chinês em território americano devido a possível valorização de suas ações. Isso porque, as três companhias operam plataformas de vídeos curtos que rivalizam com o TikTok.
A participação de mercado da Alphabet – dona do YouTube Shorts – pode aumentar em até 20% caso os usuários do TikTok precisem migrar para um substituto. A participação da Meta – controladora do Instagram Reels – pode ter um ganho de até 30%. Por fim, o Snapchat pode ver sua fatia de mercado aumentar 50% com o avanço do Spotlight, conforme as previsões de Bernstein.
Os cálculos da gestora tiveram como base companhias que passaram por situações semelhantes após proibições na China e na Índia.
Os ganhos do trio norte-americano representariam aumentos de capitalização de mercado de US$ 267 bilhões (R$ 1,40 trilhão), US$ 155 bilhões (R$ 814 bilhões) e US$ 9 bilhões (R$ 47,3 bilhões) para Alphabet, Meta e Snap, respectivamente, considerando os preços das ações de quarta-feira (22).
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As três ações já se beneficiaram na quinta-feira (23), quando o CEO do TikTok e a China rejeitaram a premissa de uma venda forçada da plataforma por sua controladora chinesa ByteDance. O executivo testemunhou perante o Congresso para defender sua empresa em meio às questões de segurança nacional e de privacidade de informações.
Os papéis das três companhias subiram entre 2% e 3% – um salto de aproximadamente US$ 40 bilhões (R$ 210 bilhões) no valor de mercado para o trio.
Snap e Meta seriam as “beneficiárias diretas” de uma proibição do TikTok, escreveu Dan Ives, analista da Wedbush, em uma nota na quarta-feira (22), também prevendo que tal proibição teria efeitos abrangentes em todo o setor de tecnologia. Segundo ele, essa decisão pelo Congresso “aumentaria significativamente as tensões EUA/ China em meio a Guerra Fria Tecnológica em formação no ecossistema de softwares e chips.”
“Quem ganha? Todos”, declarou Bernstein sobre qual das três empresas se beneficiará mais com a proibição do TikTok. Segundo o relatório, Meta está melhor posicionada para ganhar participação em vídeos curtos devido à forte adoção do Reels, no Instagram. Já o Snapchat está na fila para um “maior aumento relativo no tempo gasto” no aplicativo, enquanto o YouTube aumentou em popularidade após a proibição do TikTok nos EUA em 2020, por ordem do ex-presidente Donald Trump, observaram os analistas.
Contexto
O governo de Joe Biden exigiu que a ByteDance vendesse o TikTok ou o aplicativo enfrentaria uma possível proibição nacional. A plataforma de vídeos curtos atraiu a atenção de parlamentares devido a temores de que o governo chinês pudesse acessar os dados coletados pelo aplicativo cada vez mais popular nos Estados Unidos.
As investigações da Forbes USA nos últimos meses revelaram que a ByteDance usou o TikTok para espionar cidadãos americanos, incluindo repórteres da Forbes. As ações estão agora sob investigação do FBI e do Departamento de Justiça dos EUA.
A Índia baniu o TikTok em junho de 2020 para “garantir a segurança e a soberania do ciberespaço indiano”, citando preocupações com a privacidade de dados de cidadãos. Os EUA barraram o TikTok de ser baixado em dispositivos usados por funcionários do governo no mês passado.
O Instagram Reels e o YouTube Shorts ganharam popularidade na Índia imediatamente após a proibição do Tik Tok, enquanto novos aplicativos que procuram duplicar o formato do aplicativo chinês também ganharam milhões de usuários. A ByteDance, entretanto, detém acesso a uma grande quantidade de dados pessoais de antigos usuários indianos, disse um funcionário do TikTok à Forbes USA.
Lutando contra a legislação no Congresso, que daria ao governo Biden o poder de proibir certas tecnologias de propriedade estrangeira, o TikTok insiste que os dados dos norte-americanos nunca foram compartilhados com o governo chinês e prometeu armazenar as informações dos usuários em servidores americanos.
(Traduzido por Monique Lima)