O dólar passou a cair acentuadamente e chegou a tocar o menor nível intradiário em dez meses frente ao real hoje (12), após dados de inflação norte-americanos mais fracos do que o esperado terem elevado esperanças de que o Federal Reserve não será muito agressivo em seus próximos passos de política monetária.
Às 11h00 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 1,19%, a R$ 4,9471 na venda. No menor patamar do dia, a divisa norte-americana chegou a tocar brevemente a marca de R$ 4,9360 na venda, sua cotação intradiária mais baixa desde 10 de junho do ano passado.
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Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,33%, a R$ 4,9575.
Esse movimento acompanhou tombo da moeda norte-americana no exterior, onde o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,46%, a 101,650.
O índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,1% no mês passado, desacelerando após avançar 0,4% em fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira. Nos 12 meses até março, o índice avançou 5,0%, o resultado mais fraco desde maio de 2021. Em fevereiro a inflação havia subido 6,0% na base anual.
“Vindo abaixo do que o mercado esperava, isso aí começa a deixar um pouco mais claro e abre espaço para o Fed, na próxima reunião, não aumentar os 0,25 (ponto percentual) e pelo menos manter a taxa de juros”, disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.
Além disso, “já pode se esperar que talvez, ali para o mês de junho, julho, já comece a ter pelo menos uma sinalização do movimento de queda de juros no mercado norte-americano, e isso aí vai tirar bastante força do dólar”, completou o economista.
A perspectiva de juros mais altos nos EUA joga a favor do real, que fica mais atraente para investidores estrangeiros quando há um amplo diferencial de custos de empréstimo entre Brasil e economias desenvolvidas. A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que é apontado como fator de impulso para a moeda local há meses.
Mas investidores também têm apontado um desmonte de temores fiscais locais como pilar de sustentação para o real, depois da apresentação pelo governo de uma proposta de arcabouço para as contas públicas que impede que os gastos federais cresçam mais do que a receita.
“Apesar de visões mistas, sobretudo no que diz respeito à fonte das receitas, a proposta inicial conseguiu trazer alívio ao câmbio”, disse Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.