O dólar à vista recuou mais de 1% ante o real hoje (11), em um dia marcado pela divulgação de dados favoráveis de inflação, pela perspectiva otimista com o novo arcabouço fiscal e pela busca de ativos de maior risco em todo o mundo.
Pela manhã, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,71% em março, depois de ter avançado 0,84% em fevereiro. Isso levou o indicador a acumular nos 12 meses até março taxa de 4,65%, contra 5,60% de antes. Foi a primeira vez que o índice em 12 meses ficou abaixo de 5% desde janeiro de 2021.
Os números abriram espaço para a busca de ativos de maior risco, como as ações de empresas brasileiras, e favoreceram o real, em meio à avaliação de que o novo arcabouço fiscal, apresentado recentemente pelo governo, também reduz as chances de descontrole da dívida pública.
Após chegar a oscilar abaixo dos R$ 5, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,00 na venda, em baixa de 1,14%.
Na B3, às 18:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,23%, a R$ 5,02.
Pela manhã, às 11h19, o dólar à vista chegou a marcar a mínima de 4,9894 reais (-1,51%), com os participantes do mercado reagindo positivamente aos dados de inflação no Brasil. Durante a tarde, a moeda americana se recuperou um pouco, mas ainda assim fechou em forte queda.
A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, pontuou que o real se destacou entre as moedas de países emergentes. Segundo ela, os dados de inflação abaixo do esperado no Brasil e as falas de membros do governo sobre o novo arcabouço fiscal trouxeram ânimo para o mercado local.
Nesta manhã, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, previu um “amplo apoio” do Congresso à proposta de arcabouço fiscal do governo, ecoando confiança expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera. A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que técnicos do governo estão fazendo ajustes “redacionais” ao texto da âncora fiscal, indicando que ele deve ser encaminhado ao Congresso na próxima segunda-feira.
O gestor da área de macro da AZ Quest, Gustavo Menezes, destacou a importância do arcabouço.
“Desde o início do ano, sabíamos que os juros básicos de 13,75% ao ano eram contracionistas. Já havia condições de o ciclo de corte de juros começar, só precisávamos de um marco fiscal aceitável”, comentou.
Segundo ele, os dados de hoje (11) ajudaram o real a ter uma boa performance em relação ao dólar e há espaço para o movimento continuar.
“O fato é que, com o fiscal acomodado, há conforto para se fazer análises de maneira clara, olhando para dados comerciais, para investimentos. Há sim mais espaço para o real andar”, disse.
No exterior, o dólar também se mantinha em queda ante outras divisas, embora o movimento fosse menos intenso.
Às 18:16 (de Brasília), o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,30%, a 102,160.
Na manhã de hoje (11), o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.