Aproveitando o ensejo reflexivo de um início de ano de movimento pertencente a um mundo vivo, abro as portas dos diálogos fraternos da sala de estar para falar sobre união.
Entram os novos ciclos, com a inevitável retrospectiva particular do que se passou, e as óbvias projeções para um futuro, que o ímpeto de empreendedor clama a todos nós e pede por ação.
Com o tempo, aprendi que as diferentes visões e pontos de vista representam complementariedade, e que, somadas, expandem o nosso universo pessoal e nos guiam em conjunto para um próspero e consensual horizonte.
Afinal, nem mesmo nascer do mesmo ventre é sinônimo de similaridade em todos os adjetivos e experiências vividas; irmandade não garante unanimidade de ideias, mas, sim, de ideais, e o sobrenome da minha família traz consigo o princípio da construção e da continuidade.
Talvez não sejamos sempre compassivos, e não seja de bom grado a todos o cardápio da ceia, mas estaremos sentados ao redor da mesa partilhando em comunhão e pondo em prática o exercício da escuta, herdada por aquele que nos presentou com o mesmo sangue e por aprendizado nos ensinou que “só o amor constrói”.
Leia também: O que a vulnerabilidade tem a nos ensinar
Honro e saúdo uma história que se iniciou antes de eu estrear neste mundo. O ponto de partida, quando falo de negócios, é ter a racionalidade da administração. O que para muitos é apenas uma grande empresa para mim é a materialização do sonho e do suor de um menino que saiu do sertão do Rio Grande do Norte com poucas moedas no bolso, a roupa do corpo e o desejo de transformar a vida da família. E que acabou transformando a vida de muitas pessoas.
Quanta força tem um legado?
Nevaldo Rocha, meu pai, espelho e fundador, e quem tinha como religião a barriga no balcão e o trabalho como bandeira de revolução, é, e sempre será, o meu mestre. Mesmo ausente, ele se faz imortal e vivo em cada diretriz que tenho a responsabilidade e a alegria de posicionar o barco – sempre com a memória de onde vim e a consciência do esforço e da sede de mudança de nosso patriarca.
Os novos ventos e avanços pedem metamorfose e ar puro. Aprendi desde cedo como cultivar o tronco, mas que é inteligente podar as plantas, para reforçar o nada lúdico clichê: que assim se cresce mais forte e para novos lados.
Os negócios como moldura dos retratos dos Rocha, a família como centro e prioridade genuína são escola. Repasso tudo isso à nova geração que vem surgindo. O diálogo como ferramenta para decidir o jantar, a viagem de férias, a educação das crianças ou as novas oportunidades, mas sempre dentro de casa.
Ao novo ano, gentilezas, renovação e fraternidade!
Flávio Rocha é presidente do conselho de administração do Grupo Guararapes.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
Artigo publicado na edição 105 da revista Forbes, em janeiro de 2023.