Observando-se apenas o desempenho dos principais indicadores financeiros na semana, o segundo trimestre de 2023 começou com uma reviravolta no humor dos investidores. Na ponta do lápis, o Ibovespa caiu 0,17% hoje (14) e fechou a 106.279 pontos. Porém, no acumulado da semana, o principal indicador do mercado acionário brasileiro avançou 5,3%. Foi a maior alta semanal desde dezembro de 2022.
O pregão acompanhou Wall Street em uma baixa após uma série de indicadores econômicos e balanços de bancos nos Estados Unidos. No Brasil, investidores acompanham declarações de autoridades do governo em viagem à China.
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Segundo Apolo Duarte, da AVG Capital: “dada a alta durante a semana, é normal haver uma realização de lucros na sexta-feira”. Segundo ele, o retorno do presidente Lula ao Brasil após sua viagem para a China também coloca o mercado de sobreaviso. “Sempre há o temor de que pode ter alguma declaração que gere um peso para a bolsa”.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao dólar. Na sexta-feira, a moeda americana encerrou a sessão em baixa de 0,23%, a R$ 4,9151, após testar um mínimo de R$ 4,8934. Na semana, a apreciação do real frente ao dólar foi de 2,81%. A princípio, tudo isso deveu-se a dois índices de inflação, um no Brasil e outro nos Estados Unidos.
Na terça-feira (11) foi divulgada a inflação “oficial” de março. O IPCA recuou para 0,71% ante 0,84% de fevereiro. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas, que era de 0,77%. E, mais importante, o acumulado em 12 meses caiu quase um ponto percentual, recuando para 4,65%, ante 5,60% dos 12 meses até fevereiro.
Pela primeira vez em 21 meses a inflação acumulada em 12 meses ficou abaixo do teto da meta do BC (Banco Central). A meta de inflação é de 3,25% e, com a faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual, vai até 4,75%. A diferença é pequena. Porém, é suficiente para colocar nas contas do mercado uma eventual redução da taxa Selic pelo BC antes do esperado.
Na quarta-feira (12) ocorreu algo parecido nos Estados Unidos. Foi divulgada a inflação ao consumidor, medida pelo CPI (Consumer Price Index) de março. A inflação desacelerou para 0,1%, frente à alta de 0,4% de fevereiro, e ficou abaixo do consenso de 0,2%. Nos 12 meses até março, o índice de preços caiu para 5% ante os 6% dos 12 meses até fevereiro.
No mesmo dia o Fomc (Federal Open Market Committee), o Copom americano, divulgou as Minutas da reunião de março. No texto, as autoridades monetárias dos Estados Unidos sinalizaram a probabilidade de uma “leve recessão” ainda neste ano.
A inflação e as Minutas fizeram o espírito dos profissionais do mercado com relação aos juros americanos mudar de vez. A aposta majoritária ainda é de uma alta de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, marcada para os dias 2 e 3 de maio. Porém, já há um quase consenso que será o último aumento. E os mais otimistas arriscam prever que o BC americano poderá sinalizar o começo de um movimento de baixa de juros ainda neste ano.
Altas e baixas
Liderando as baixas, os papéis da Siderúrgica Nacional (CSNA3) caíram 7,35% a R$ 14,49, depois que o Goldman Sachs rebaixou a recomendação para as ações da CSN de “neutra” para “venda”, cortando o preço-alvo do papel em 22%, para R$ 12,5.
Em seguida, as ações da Rede D’Or (RDOR3) caíram 6,02% a R$ 22,18. Na ponta positiva, a Cielo (CIEL3) e a Locaweb (LWSA3) subiram, respectivamente, 2,83% a R$ 5,08 e 2,27% a R$ 5,40.
No exterior
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street caíram após dados fracos das vendas no varejo de março sugerirem que a economia está perdendo força, enquanto os balanços positivos de grandes bancos dos Estados Unidos ajudaram a amenizar os temores de mais estresse no setor.
Na Europa, os índices acionários atingiram seu nível mais alto em mais de um ano, encerrando em alta a sua quarta semana consecutiva, impulsionadas por balanços positivos de grandes bancos dos Estados Unidos e esperanças de um fim do ciclo de alta de juros do Federal Reserve.
Na Ásia, as ações da China subiram por papéis de semicondutores e recursos básicos, enquanto o chefe do Banco Central disse que o país atingirá a meta de crescimento deste ano. Outras ações asiáticas se firmaram, uma vez que Cingapura se tornou o mais recente país a interromper o aperto de sua política monetária e os mercados ficaram mais confiantes de que o próximo aumento provável de juros dos Estados Unidos será o último deste ciclo.
(Com Reuters)