A temporada de balanços do quarto trimestre chegou ao fim e os números apresentados pelas empresas listadas na bolsa brasileira mostram que o cenário de restrição econômica do ano passado derreteu os lucros.
Um levantamento feito por Einar Rivero, diretor comercial da plataforma TradeMap, mostrou que o lucro líquido de 295 empresas listadas na B3 caiu mais de 17,8% em 2022, quando comparado com 2021.
Em seus relatórios, as empresas alegaram que o aumento da taxa de juros resultou em maiores juros e margens mais apertadas. O levantamento de Rivero aponta que as despesas de empresas não financeiras saltaram 48% no ano passado, comparado ao ano anterior.
A dívida líquida das companhias listadas também aumentou neste período de um ano, a alta foi de 27,9%, conforme a análise do TradeMap. As dificuldades financeiras também levaram a uma queda de 2,5% nos caixas e de 9,1% no volume pago em dividendos.
As mais penalizadas, conforme o levantamento de Rivero, foram a companhia elétrica Light (LIGT3), o frigorífico BRF (BRFS3) e a varejista de cosméticos Natura (NTCO3).
A Light registrou uma queda de 14 vezes no lucro, saindo de um saldo positivo de R$ 398 milhões em 2021 para um prejuízo de R$ 5,67 bilhões em 2022. A BRF viu seus números caírem oito vezes, para um prejuízo de R$ 3,17 bilhões no ano passado, frente lucro de R$ 419 milhões em 2021. Já a Natura teve queda de três vezes o lucro de 2021 (R$ 1,05 bilhão) para R$ 2,86 bilhões.
No entanto, duas empresas que constam no ranking de maiores prejuízos da B3 no ano passado viram seus números melhorarem ao longo de 2022, é o caso das aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4). Ambas vinham de prejuízos bilionários devido ao isolamento social de 2021.
No ano passado, eles continuaram com prejuízos enormes, entretanto, os números foram cinco vezes menores para a Gol e seis vezes menores para a Azul.
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Exportadoras e financeiras lucram
Entre as companhias que apresentaram os melhores lucros da bolsa, elas se dividem entre instituições financeiras – que lucraram com os juros altos – e exportadoras – que ganharam com o dólar valorizado. Metade do top 10 apresentou queda nos valores de 2022 frente a 2021, mesmo sendo as melhores colocadas.
Os 10 maiores lucros de 2022:
Petrobras (PETR4)
Lucro 2022: R$ 188,33 bilhões
Variação (2021/2022): +76,6%
Vale (VALE3)
Lucro 2022: R$ 95,92 bilhões
Variação (2021/2022): –20,9%
Banco do Brasil (BBAS3)
Lucro 2022: R$ 31,01 bilhões
Variação (2021/2022): +57,3%
Itaú Unibanco (ITUB4)
Lucro 2022: R$ 29,41 bilhões
Variação (2021/2022): +17,7%
Suzano (SUZB3)
Lucro 2022: R$ 23,38 bilhões
Variação (2021/2022): +171,0%
Bradesco (BBDC4)
Lucro 2022: R$ 20,73 bilhões
Variação (2021/2022): –5,5%
JBS (JBS3)
Lucro 2022: R$ 15,46 bilhões
Variação (2021/2022): –24,5%
Ambev (ABEV3)
Lucro 2022: R$ 12,67 bilhões
Variação (2021/2022): +14,10%
Santander (SANB11)
Lucro 2022: R$ 12,57 bilhões
Variação (2021/2022): –16,13%
Gerdau (GGBR4)
Lucro 2022: R$ 11,43 bilhões
Variação (2021/2022): +26,3%
Os 10 maiores prejuízos de 2022:
Light (LIGH3)
Prejuízo 2022: R$ 5,67 bilhões
Variação (2021/2022): –6.070%
BRF (BRFS3)
Prejuízo 2022: R$ 3,17 bilhões
Variação (2021/2022): –3.585%
Natura (NTCO3)
Prejuízo 2022: R$ 2,86 bilhões
Variação (2021/2022): –3.908%
Paranapanema (PMAM3)
Prejuízo 2022: R$ 2,70 bilhões
Variação (2021/2022): –1.900%
Nubank (NUBR33)
Prejuízo 2022: R$ 1,88 bilhão
Variação (2021/2022): –993%
Gol (GOLL4)
Prejuízo 2022: R$ 1,56 bilhão
Variação (2021/2022): +5.661%
BR Properties (BRPR3)
Prejuízo 2022: R$ 1,52 bilhão
Variação (2021/2022): –1.555%
Embraer (EMBR3)
Prejuízo 2022: R$ 954 milhões
Variação (2021/2022): –679%
Hapvida (HAPV3)
Prejuízo 2022: R$ 776 milhões
Variação (2021/2022): –1.274%
Azul (AZUL4)
Prejuízo 2022: R$ 722 milhões
Variação (2021/2022): +3.491