Na noite de ontem (3), a Natura&Co (NTCO3) anunciou que firmou contrato com a L’Oreal para a venda integral da marca de luxo australiada Aesop por US$ 2,53 bilhões (R$ 12,80 bilhões). O pagamento será em dinheiro, em uma parcela única no fechamento da transação, previsto para o terceiro trimestre deste ano.
Analistas viram a notícia como positiva e o mercado reagiu inicialmente com entusiasmo. Na abertura da bolsa, as ações chegaram a subir 7%, para R$ 14,75. Por volta das 12h30 (horário de Brasília), os ganhos tinham diminuído para 2%, a R$ 13,85.
Thiago Macruz, analista do Itaú BBA, escreveu em relatório que a transação deverá facilitar a desalavancagem financeira da Natura, que é diminuição de sua dívida em relação ao lucro operacional. Com isso, a varejista de cosméticos poderá concentrar sua estratégia nas outras marcas, com destaque para a Avon e a The Body Shop.
Segundo Irma Sgarz, analista do banco de investimentos americano Goldman Sachs, com o ganho de R$ 12,8 bilhões da venda, a desalavancagem da Natura deve cair das atuais 3,4 vezes a dívida líquida/Ebitda da atualidade para -0,9 vezes no fim deste ano. Isso implica em ganho de caixa.
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“Estimamos que essa mudança na estrutura de capital poderia melhorar a geração de fluxo de caixa para mais perto do ponto de equilíbrio ou mesmo ligeiramente positivo em 2023 (dependendo do momento da entrada de dinheiro e dos impostos a ser pagos), frente aos R$ 600 milhões negativos que projetamos atualmente”, escreveu Sgarz.
A expectativa do Goldman e do BBA é de que a Natura pague toda a sua dívida antecipadamente após a conclusão da transação, “o que sugere um potencial positivo para o resultado final [da venda]”. Feito isso, o foco se tornaria a integração da Avon na América Latina, a otimização da presença da Avon no mercado internacional e uma revitalizada na The Body Shop
Ação da Natura
Itaú BBA manteve a sua recomendação outperform (equivalente a “levemente acima da média do mercado”) para as ações da Natura, com preço-alvo de R$ 18,00, com uma observação de que irá rever a tese de negócio para a companhia nos próximos dias.
Já o Goldman Sachs manteve sua recomendação neutra para a varejista, com preço-alvo de R$ 14,00 para os próximos 12 meses. Os analistas afirmam ser necessário esperar para entender se a empresa terá ganho de capital com a transação e qual será o foco adiante.
As ações da Natura caíram 51,2% nos últimos 12 meses, saindo de R$ 27,79 para os atuais R$ 13,57. Em 2022, a varejista ficou entre as empresas com maiores prejuízos na B3, ao fechar o ano com uma perda de R$ 2,86 bilhões frente ao lucro líquido de R$ 1,05 bilhão de 2021.
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