As ações da Tesla registraram sua maior queda diária em mais de três meses na quinta-feira (20), depois de divulgar ganhos trimestrais que atenderam às expectativas dos analistas, mas ampliaram as preocupações de Wall Street sobre a capacidade da fabricante de veículos elétricos, liderada por Elon Musk, de cumprir as pesadas expectativas de lucro.
Embora as vendas e o lucro por ação da empresa, nos primeiros três meses de 2023, estivessem alinhados com as previsões, o relatório continha ampla evidência de um quadro financeiro potencialmente preocupante, já que a Tesla relatou um declínio de 80% ano a ano no fluxo de caixa livre e uma queda de 41% na margem operacional.
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Desta forma, as ações da Tesla caíram 9,8% nas negociações de quinta-feira, seu pior dia desde 3 de janeiro, eliminando US$ 51 bilhões (R$ 257,5 bilhões com o dólar de hoje a R$ 5,05), em valor de mercado. O montante supera a capitalização total de US$ 47 bilhões da Ford e da General Motors, as maiores concorrentes norte-americanas da Tesla.
Mesmo assim, o valor de mercado de US$ 511 bilhões da Tesla permanece cerca de dez vezes maior que o da Ford e da General Motors.
Em questões financeiras, foi um trimestre “decepcionante” para a Tesla, escreveu Toni Sacconaghi, analista da Bernstein, em uma nota enviada aos clientes, reduzindo sua estimativa para os ganhos anuais da Tesla em mais de 20% e mantendo sua meta de preço de US$ 150, o que implica uma queda de 17% no valor das ações da montadora em relação ao fechamento de quarta-feira (19).
Sacconaghi explicou que a Tesla – que acabou de cortar os preços de seus veículos pela sexta vez este ano –, está “minando” sua lucratividade e que acha “muito difícil” a empresa conseguir manter qualquer vantagem de preço em um mercado automotivo “hipercompetitivo”.
“Sem óculos cor de rosa, as margens agora são uma questão delicada que está mantendo os investidores da Tesla acordados à noite”, escreveu Dan Ives, analista da Wedbush, reduzindo seu preço-alvo para as ações de US$ 225 para US$ 215 na quinta-feira. “A dor de margem de curto prazo para a demanda de longo prazo é uma estratégia que os investidores concordam. No entanto, essa narrativa deve ser cuidadosamente gerenciada nos próximos trimestres.”
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Musk minimizou as preocupações com as margens, dizendo na teleconferência de quarta-feira que “pressionar por volumes maiores e uma frota maior é a escolha certa, em vez de buscar por um volume menor e uma margem maior” e sua empresa “colherá essa margem no futuro, à medida que aperfeiçoarmos a autonomia. ”
Os últimos três anos foram movimentados para os investidores da Tesla, já que as ações subiram mais de 600% entre o início de 2020 e o final de 2021, antes de cair mais de 75% no final de 2022.
A Tesla entregou um recorde de 423 mil carros no último trimestre. A quinta-feira marca o último grande movimento pós-lucros para as ações da Tesla: as ações ganharam ou perderam uma média de quase 6% no dia seguinte aos 10 resultados financeiros divulgados anteriormente.
Junto à queda das ações da Tesla, a fortuna de Musk também recuou US$ 11,4 bilhões, de longe a maior queda diária de qualquer bilionário, de acordo com as estimativas da Forbes USA.
Musk vale US$ 174 bilhões (R$ 878,63 bilhões), cerca de US$ 65 bilhões a menos que o homem mais rico do mundo, o presidente da LVMH, Bernard Arnault, mas cerca de US$ 50 bilhões a mais que Jeff Bezos, o próximo americano mais rico.