Após ter subido mais de 1% na véspera, o dólar à vista fechou em baixa firme ante o real nesta quarta-feira (03), com investidores ajustando posições e reagindo ao cenário externo, onde a moeda norte-americana também recuava ante outras divisas e com o Federal Reserve sinalizando possível pausa no ciclo de alta de juros.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9926 reais na venda, em baixa de 1,06%.
A moeda dos EUA recuou durante praticamente toda a sessão, em meio a temores de desaceleração da economia norte-americana. No meio da tarde, o Fed anunciou elevação de 0,25 ponto percentual em sua taxa de juros, para a faixa de 5,00% a 5,25%, mas passou indicações de que pode interromper o atual ciclo de alta.
Em reação, o dólar intensificou as perdas ante o real e chegou a renovar as mínimas da sessão, para depois encerrar mais próximo dos 5 reais, com investidores à espera da decisão sobre juros do Banco Central do Brasil, no início da noite.
Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,02%, a 5,0170 reais.
Com a alta forte de 1,15% da véspera, o dólar já abriu a quarta-feira com espaço para correções, na visão de alguns analistas.
“O mercado ontem (terça-feira) já estava se antecipando à decisão do Fed. A expectativa de que o Fed subiria juros acabou fortalecendo o dólar ontem. Hoje (quarta-feira), houve um movimento de ajuste”, pontuou a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest.
De acordo com Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos, a reação negativa ao noticiário do setor bancário nos EUA no início da semana, após episódio de intervenção de reguladores no norte-americano First Republic, gerou aversão ao risco na terça-feira, que impulsionou o dólar em todo o mundo.
“Nesta quarta, este movimento ficou de lado, e o mercado passou a ver chance de desaceleração da economia norte-americana. Então, o dólar tende a se enfraquecer globalmente”, comentou.
A moeda dos EUA se manteve em baixa durante todo o dia, mas as perdas foram amplificadas justamente após o anúncio do Fed. A instituição anunciou elevação de 0,25 ponto percentual em sua taxa de juros, mas passou indicações de que pode interromper o atual ciclo de alta.
No comunicado que acompanha a decisão, o Fed deixou de lado o trecho em que dizia que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ainda “antecipa que algum endurecimento adicional pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para a meta de 2% ao longo do tempo”.
O analista Lucas Serra, da Toro Investimentos, chamou a atenção também para a fala do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, após a decisão. Entre outras coisas, Powell afirmou que é “possível” que os EUA passem por uma “recessão leve”.
“O mercado estava em dúvida se haveria um aumento adicional de juros nos EUA. Com as falas, muito provavelmente este foi o último aumento”, disse Serra.
Neste cenário, o dólar marcou a menor cotação da sessão, de 4,9883 reais (-1,15%), às 15h08 (horário de Brasília), pouco após a decisão do Fed. Apesar de ter se recuperado um pouco depois disso, ainda assim a divisa à vista dos EUA encerrou abaixo dos 5 reais, com investidores à espera da decisão do BC brasileiro, após o fechamento dos mercados.
Mais do que a decisão em si, os investidores vão estar atentos a possíveis sinalizações sobre quando o BC iniciará o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 13,75% ao ano.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,45%, a 101,400.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de junho.