O aumento de preços ao consumidor no Brasil perdeu força em abril uma vez que a pressão menor dos Transportes compensou a alta de medicamentos e alimentos, com a taxa em 12 meses no nível mais baixo em dois anos e meio.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,61% em abril, depois de ter avançado 0,71% em março. Isso levou o índice a acumular em 12 meses até abril taxa de 4,18%, contra 4,65% antes.
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Essa é a leitura mais baixa em 12 meses desde outubro de 2020 (+3,92%)
Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira ficaram, no entanto, um pouco acima das expectativas de analistas em pesquisa da Reuters, de alta de 0,54% no mês e de 4,10% em 12 meses..
A meta para a inflação este ano é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
Analistas projetam que o IPCA deve atingir o nível mais baixo do ano por volta de junho, voltando a ganhar força no segundo semestre. Segundo a pesquisa Focus, a projeção do mercado é de que a inflação termine este ano a 6,02%.
Em abril, o maior peso sobre o resultado do IPCA partiu do grupo Saúde e cuidados pessoais, que apresentou alta de 1,49%. Os produtos farmacêuticos subiram 3,55% após a autorização de reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março, de acordo com o IBGE.
Também ajudou a pressionar o índice a forte aceleração da alta de Alimentação e Bebidas, para 0,71% em abril, de variação positiva de apenas 0,05% em março.
A principal colaboração para esse resultado partiu do aumento de 0,73% da alimentação no domicílio, com alta nos preços do tomate (10,64%), do leite longa vida (4,96%) e do queijo (1,97%).
Por outro lado, a inflação no grupo de Transportes desacelerou para 0,56%, de 2,11% em março, com queda de 0,44% dos combustíveis após forte avanço de 7,01% no mês anterior.
Somente o etanol (0,92%) subiu no mês, enquanto óleo diesel (-2,25%), gás veicular (-0,83%) e gasolina (-0,52%) tiveram queda nos preços.
A inflação de serviços, acompanhada de perto pelo Banco Central, registrou alta de 0,52% em abril, depois de subir 0,25% em março, acumulando em 12 meses avanço de 7,49%.
O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, subiu para 66% em abril, de 60% em março.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75% na semana passada, apesar das reiteradas críticas do governo, e ressaltou que as expectativas de inflação seguem desancoradas das metas, tendo havido uma pequena deterioração na margem desde a reunião de março, destacando que acompanha este movimento com preocupação.
A autoridade monetária avalia ainda que a apresentação do arcabouço fiscal pelo governo reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública, dizendo que o texto eventualmente aprovado poderá refletir nas projeções para a inflação.
Indicado pelo governo à diretoria de Política Monetária do BC, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse nesta semana que reduzir os juros básicos é uma vontade de “todo mundo”, e que a discussão feita no governo sobre a meta de inflação é permanente e visa acompanhar as melhoras práticas mundiais, e não afetar a taxa de juros no curto prazo.
Nos cálculos da autoridade monetária, em seu cenário de referência a inflação deve ser em 2023 de 5,8% e em 2024 de 3,6% (ante meta de 3,00%).