A inflação na zona do euro entrou em uma nova fase que pode durar algum tempo, disse nesta terça-feira (27) a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, delineando uma longa luta contra o aumento dos preços que deve afetar a demanda e forçar as empresas a baixar os preços.
O BCE elevou os juros em cada reunião ao longo do último ano, aumentando sua taxa de depósito para 3,5%, e prometeu mais aperto em julho na tentativa de conter a inflação, ainda três vezes maior que sua meta de 2%.
A questão, argumentou Lagarde, é que o que inicialmente foi uma inflação transitória, impulsionada pelo choque de energia, agora se infiltrou na economia em geral e pode persistir.
“É improvável que em um futuro próximo o banco central possa afirmar com total confiança que o pico das taxas foi atingido”, disse Lagarde no Fórum do BCE sobre Bancos Centrais em Sintra, Portugal.
Os trabalhadores, que perderam seus rendimentos reais para a inflação, agora tentam recuperar suas perdas, mantendo a inflação sob pressão, um processo que é amplificado pelo crescimento da produtividade abaixo do esperado, disse ela.
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Uma recessão abalaria o mercado de trabalho, tornando o trabalho do BCE mais fácil, mas as empresas, lembrando da dificuldade de contratar trabalhadores de volta após a pandemia, agora estão acumulando mão de obra, pressionando os salários para cima.
“Isso está pesando no crescimento da produtividade e… a motivação para as empresas acumularem mão de obra pode não desaparecer rapidamente”, disse Lagarde.
Os mercados veem a taxa de depósito do BCE atingindo um pico de 4%, sugerindo que, após o aumento de 25 pontos-base em julho, é provável que haja outro movimento, seja em setembro ou outubro.