O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (13) que não se discute mais quando será o corte de juros pelo Banco Central, e sim qual será sua magnitude, afirmando haver espaço para uma redução da Selic superior a 0,25 ponto percentual.
A taxa básica de juros está atualmente em 13,75% e o BC indicou na ata de seu último encontro que deve reduzi-la já em agosto, desde que até lá se mantenha cenário de arrefecimento da inflação.
“É a expectativa de todo mundo a essa altura, 100% dos analistas esperam corte…Agora o problema não é mais quando (será feito o corte), mas quanto”, disse o ministro.
Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV, Haddad argumentou que a taxa real de juros triplicou no Brasil em um ano, diante da manutenção da Selic elevada enquanto a inflação vem arrefecendo. Ele pontuou que o governo está pagando 10% de juros reais em seus títulos e que pessoas físicas pagam 30% de taxa real para comprar eletrodomésticos, o que seria insustentável.
“Nós esperamos alguma sensibilidade técnica aos números por parte da autoridade monetária para que nós voltemos a ter um ciclo normal”, afirmou.
No mercado de juros futuros, investidores ainda apostam predominantemente em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião do Copom, em 1 e 2 de agosto, ainda que a perspectiva de uma redução de 0,50 p.p. tenha ganhado força nos últimos dias.
Na entrevista, o ministro disse que os dois indicados pelo governo para a diretoria do BC, Gabriel Galípolo e Ailton Aquino não irão “compor bancada” na autoridade monetária, mas levarão novos subsídios técnicos ao Comitê de Política Monetária.
Haddad também afirmou que ainda não foi procurado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a possibilidade de criar benefícios tributários para utensílios domésticos de linha branca, após o presidente ter defendido uma ação do governo nessa direção esta semana. Ele ponderou, no entanto, que terá reunião com o presidente na sexta-feira e o tema deverá estar na pauta.
“Amanhã eu tenho despacho com ele, deve ser tema”, afirmou. “Eu sempre tenho que encontrar espaços (no Orçamento).”