O IPCA-15 registrou deflação em julho pela primeira vez em dez meses diante do recuo nos preços da energia elétrica, com a inflação em 12 meses no menor nível em quase três anos e abaixo do centro da meta, em um resultado que deve dar uma direção mais clara ao Banco Central sobre o tamanho e velocidade do provável afrouxamento monetário a ser iniciado em agosto.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) recuou 0,07% em julho, contra variação positiva de 0,04% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (25).
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O resultado do mês foi o mais baixo desde setembro de 2022 (-0,37%), e a queda foi mais intensa do que a expectativa em pesquisa da Reuters de uma variação negativa de 0,01%.
Considerado prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA, o índice passou a acumular em 12 meses até julho alta de 3,19%, de 3,40% em junho, contra projeção de analistas de 3,26%.
É a leitura mais fraca nessa base de comparação desde setembro de 2020 (+2,65%), e passa a ficar abaixo do centro da meta para a inflação deste ano, que é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
O Banco Central se reúne em 1 e 2 de agosto para deliberar sobre a política monetária, com ampla expectativa de que inicie um ciclo de afrouxamento monetário. Atualmente a taxa básica Selic está em 13,75%, patamar elevado que atrai fortes críticas do governo.
Diante de uma desinflação no país, o próprio BC já indicou que pode iniciar em agosto os cortes, desde que se mantenha o cenário de arrefecimento da inflação, e o dado do IPCA-15 deve consolidar essa expectativa. A pesquisa Focus divulgada nesta terça mostra que a aposta do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual na Selic.
No entanto, analistas avaliam que os preços devem voltar a subir no segundo semestre, conforme saem do cálculo do IPCA em 12 meses taxas negativas de julho, agosto e setembro do ano passado, registradas por conta da desoneração de impostos.
Os dados do IPCA-15 mostram que principal impacto negativo para o resultado de julho decorreu do recuo de 3,45% nos preços da energia elétrica residencial após a incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas de julho.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), 405,4 milhões de reais referentes ao Bônus de Itaipu beneficiaram 81 milhões de unidades consumidoras em julho, através de crédito nas faturas de energia elétrica.
Também ajudou no recuo de 0,94% do grupo Habitação e julho a deflação de 2,10% nos preços do botijão de gás, segundo o IBGE.
Também apresentou deflação o grupo Alimentação e bebidas, de 0,40%, graças à queda de 0,72% nos custos da alimentação em domicílio. Entre os alimentos com preços em queda, destacam-se feijão-carioca (-10,20%), óleo de soja (-6,14%), leite longa vida (-2,50%) e carnes (-2,42%).
Na outra ponta, os Transportes subiram 0,63% em julho, com aumento de 2,99% nos preços da gasolina. O gás veicular também subiu (0,06%), enquanto óleo diesel (-3,48%) e etanol (-0,70%) tiveram deflação. Com esses resultados, os combustíveis registraram alta de 2,28% no mês.