A inflação medida pelo Consumer Price Index (CPI) ficou abaixo do esperado em junho. O índice geral registrou uma variação de 3,0% dos preços em 12 meses, abaixo da expectativa, que era de 3,1%. Nos 12 meses até maio, a variação havia sido de 4,2%. O “núcleo”, ou “core index”, que exclui os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, subiu 4,8% nos 12 meses até junho, menor variação desde outubro de 2021. O “núcleo” da inflação ficou abaixo da expectativa, que era de 5,0%, e da variação de 5,3% nos 12 meses até maio.
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Com isso, o mercado se animou. No fim da manhã, os principais índices de ações em Wall Street subiam mais de 1%. A variação mais significativa era do índice Nasdaq, que subia 1,4%. Isso ocorre porque a maior parte das ações do Nasdaq são de empresas de tecnologia, cujas cotações são beneficiadas por um cenário de juros mais baixos.
Os investidores se animaram porque os números da inflação podem dar ao Federal Reserve (Fed), o banco central americano, algum espaço para respirar. Os diretores do Fed vêm tentando reduzir a inflação desde março de 2022, quando elevaram os juros pela primeira vez em dois anos. Foi uma alta modesta, de 0,25 ponto percentual, aumentando uma taxa que permanecia na prática em zero desde março de 2020, início da pandemia.
Foram dez elevações de juros depois disso. As taxas subiram em toda reunião do Federal Open Market Committee (Fomc), o Copom americano, com exceção da mais recente, em junho. O próximo encontro está agendado para os dias 25 e 26 de julho, e é quase certeza que haverá um novo aumento dos juros, de 0,25 ponto percentual.
No entanto, a divulgação de uma inflação abaixo do esperado pode fazer o Fed parar por aí, e não voltar a elevar os juros na reunião seguinte, agendada para o fim de setembro. É essa expectativa que animou os investidores hoje, pois a inflação segue resiliente nos Estados Unidos.
Segundo Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, o resultado do CPI tira parte do peso do banco central americano para elevar os juros. “Pode ser que o Fed não suba o juro novamente para além da elevação da próxima reunião”, diz ele.