O dólar à vista fechou em alta firme ante o real nesta terça-feira (1), em um dia marcado pela fuga dos investidores de ativos de maior risco na maioria dos mercados, após a divulgação de dados industriais fracos em países da Ásia e da Europa, que elevaram as preocupações em torno da atividade econômica global.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,7910 na venda, com alta de 1,31%. Foi a maior alta percentual em um único dia desde 6 de julho, quando a divisa subiu 1,62%.
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Na B3, às 17:30 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,38%, a R$ 4,8175.
No início da sessão os mercados já repercutiam uma bateria de dados industriais decepcionantes, em especial da China.
O PMI (Índice de Gerentes de Compras) de indústria do Caixin/S&P Global caiu para 49,2 em julho, de 50,5 em junho, abaixo das previsões dos analistas de 50,3. Foi o primeiro declínio na atividade chinesa desde abril. A marca de 50 separa crescimento de contração.
Já o PMI de manufatura final do Japão caiu para 49,6 em julho, ante os 49,8 de junho. Na Europa, houve resultados fracos nos PMIs da França, da Alemanha, do Reino Unido e da zona do euro.
Os resultados elevaram os receios em torno de uma desaceleração econômica global, em que a China – importante importador de commodities – tem potencial para afetar exportadores como o Brasil. Em reação, o real perdeu força ante o dólar.
A moeda norte-americana à vista subiu ante o real durante toda a sessão. Na cotação mínima, vista às 9h02, ela atingiu R$ 4,73 (+0,02%). Ao longo da manhã e da tarde, em meio à aversão a ativos de risco em vários mercados globais, o dólar à vista renovou máximas e atingiu o pico da sessão às 15h37, cotado a R$ 4,8012 (+1,52%).
“A leitura do mercado foi de que está ocorrendo uma contração (econômica), uma contração persistente na China e também na Europa. Então, na esteira dessa percepção vem uma derrocada das moedas commodities, que vinham em alta, e a natural busca por proteção”, comentou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
De acordo com Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, o dia foi de “fuga do risco” nos mercados globais.
“O ponto que mais está pegando são os dados que saíram de ontem (segunda-feira) para hoje (terça) de alguns PMIs de atividade industrial, que vieram bem fracos. Os dados ruins geram uma sensação de risk-off”, pontuou Izac.
Operador ouvido pela Reuters afirmou que, apesar da alta forte das cotações nesta terça-feira, não houve um movimento de ordens de stop (parada de perdas) em momentos específicos das negociações. Segundo ele, o avanço da moeda norte-americana foi consistente e gradativo durante todo o dia, sintonizado ao exterior.
Às 17:30 (de Brasília), o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – subia 0,33%, a 102,230.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de setembro.