A temporada de balanços é um evento importante para quem investe ou pretende começar a investir em ações. A cada três meses, todas as empresas listadas em bolsa prestam contas publicamente ao mercado e aos acionistas quanto à sua performance e aos principais eventos que influenciaram seus resultados do trimestre.
Existem vários relatórios que integram a demonstração de resultados e todos eles ficam disponíveis para consulta e download no site de RI (Relação com Investidores) das empresas.
Quais são as empresas que estão em Recuperação Judicial na bolsa:
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Foto: Americanas/Divulgação Americanas (AMER3):
No dia 11 de janeiro de 2023, foram identificadas inconsistências em lançamentos contábeis no valor de R$ 20 bilhões, levando ao pedido de Recuperação Judicial da Companhia.
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Tom Werner/Getty Images Atma Participações (ATMP3):
Em abril de 2023, a ATMA Participações e suas subsidiárias, Contax e Elfe Operação e Manutenção, entraram com o pedido de recuperação judicial. O plano contempla mais de 39 mil credores, com créditos totalizando R$ 1,4 bilhão.
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Divulgação/Bardella Bardella (BDLL3, BDLL4):
Em julho de 2019, a fabricante de equipamentos industriais Bardella solicitou recuperação judicial, com dívidas totalizando R$ 387 milhões.
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Divulgação/ Eternit Eternit (ETER3):
Em 2018, a Eternit, produtora de materiais de construção, entrou com pedido de recuperação judicial com dívidas de R$ 229 milhões.
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Divulgação/ Hotéis Othon Hotéis Othon (HOOT4):
A tradicional rede de hotéis Hotéis Othon solicitou recuperação judicial após o fechamento de duas unidades em 2018, com endividamento de R$ 333 milhões na época.
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Sornranison Prakittrakoon/Getty Images João Fortes Engenharia (JFEN3):
A João Fortes Engenharia pediu recuperação judicial em maio de 2020, com uma dívida de R$ 1,3 bilhão.
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Divulgação/Light Light (LIGT3):
Em 12 de maio de 2023, a holding controladora da Light Serviços de Eletricidade e Light Energia entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas totais de R$ 11 bilhões.
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Vitor Castro/Divulgação Nexpe Participações (NEXP3):
A Nexpe Participações, anteriormente conhecida como BR Brokers, entrou em recuperação judicial em fevereiro de 2023, com uma dívida total de R$ 94,2 milhões.
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Divulgação/Oi Oi (OIBR3, OIBR4):
A Oi solicitou seu primeiro pedido de recuperação judicial em 2016, e o segundo foi aprovado pela Justiça em março de 2023. No novo pedido, a operadora declarou dívidas de R$ 43,7 bilhões.
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Divulgação/Paranapanema Paranapanema (PMAM3):
A Paranapanema teve seu pedido de recuperação judicial aceito em dezembro de 2022, com dívidas totalizando R$ 450 milhões.
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Justin Paget/Getty Images Renova Energia (RNEW3, RNEW4, RNEW11):
A Renova Energia, empresa de geração limpa com a estatal mineira Cemig (CMIG4) entre seus controladores, entrou com pedido de recuperação judicial em outubro de 2019. O pedido incluía obrigações totais de R$ 3,1 bilhões, incluindo uma dívida de R$ 1 bilhão com o BNDES.
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Maremagnum/Getty Images Rossi Residencial (RSID3):
A incorporadora Rossi Residencial solicitou recuperação judicial em setembro de 2022, com uma dívida de R$ 1,232 bilhão.
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Divulgação Saraiva Livreiros (SLED3, SLED4):
A livraria Saraiva pediu recuperação judicial em novembro de 2018, com dívidas totalizando R$ 667 milhões.
Americanas (AMER3):
No dia 11 de janeiro de 2023, foram identificadas inconsistências em lançamentos contábeis no valor de R$ 20 bilhões, levando ao pedido de Recuperação Judicial da Companhia.
Porque a temporada de balanços é importante
A divulgação do balanço, além de atender a uma obrigação legal, também confere credibilidade às empresas, pois dessa forma comprovam estar agindo dentro de uma cultura de transparência, responsabilidade e em conformidade com as regras de compliance.
As companhias divulgam resultados como receita líquida, lucro líquido, Ebitda e etc, e o comparativo destes com o mesmo período dos anos anteriores. Esses números são importantes balizadores para o mercado, podendo fazer oscilar para cima ou para baixo o preço das ações.
Todo investidor deve acompanhar a divulgação dos resultados
Mesmo que você esteja começando a investir agora, e seu volume de ações seja bem pequeno, acompanhar a temporada de balanços trimestrais é uma forma excelente de começar a aprender a avaliar a saúde financeira das empresas nas quais você investe.
Através da demonstração de resultados é possível entender as perspectivas quanto aos proventos a serem pagos aos acionistas e quanto à possível valorização ou não das ações, além de poder avaliar se o retorno esperado compensa a alocação de seu dinheiro. Avaliando os múltiplos abaixo, dá para ter uma boa noção quanto a isso:
P/L: essa conta significa o preço da ação dividido pelo lucro
P/VPA: preço dividido pelo valor patrimonial
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Ações são investimentos para longo prazo, portanto, entender os fundamentos de uma empresa é fundamental para decidir se irá se tornar sócio do negócio. Isso significa que você pode até privilegiar a análise de alguns indicadores específicos, porém, precisa lembrar-se que o diagnóstico da empresa é resultante da combinação de todos eles.
Criar o hábito de acompanhar a divulgação dos balanços vai te ajudar a se familiarizar cada vez mais com essas análises.
É importante você saber, entretanto, que o resultado trimestral é apenas uma fotografia momentânea da empresa e não deve ser avaliado de forma isolada.
O fato de a empresa ter bons múltiplos em um determinado período é um indício positivo de sua performance de longo prazo, no entanto, como investidor, sua decisão de comprar ou vender uma ação não pode se pautar apenas nesse dado, sem levar em conta os fatores que influenciaram o resultado de um trimestre específico.
O que é fundamental avaliar nos resultados das empresas
São inúmeros indicadores divulgados no demonstrativo de resultados e é importante olhar cada um deles atentamente.
Alguns são autoexplicativos, outros, talvez você precise pesquisar o significado, mas vale a pena investir tempo nisso. Quanto mais se dedicar a estudar cada linha do demonstrativo, melhor vai ficando sua habilidade de diferenciar empresas boas das ruins.
Dentro da área de RI (Relação com Investidores), há muito material que auxilia bastante no entendimento dos resultados, dedique algum tempo a isso e você irá perceber que não é tão difícil.
Caso você ainda não saiba nada sobre o assunto sugiro que comece avaliando os seguintes indicadores
- Receita Líquida: que é o que a empresa vendeu, já abatidos os impostos.
- Lucro Operacional Líquido (Ebitda): é um dos indicadores mais importantes, pois demonstra o que a companhia gerou de resultado depois de abatidos os custos da operação. Um Ebitda crescente demonstra que a empresa consegue ter lucro em suas operações.
- Endividamento líquido: para entender como está a saúde financeira da empresa e sua capacidade de saldar seus compromissos.
Tornar-se um investidor bem sucedido envolve estudo constante
É claro que aqui estou fazendo uma imensa simplificação para introduzir o tema, pois desejo que você tenha um ponto de partida para começar a entender os números. Contudo, minha recomendação, é quese você estude o assunto e busque entender o significado desses números, pois isso é muito importante para sua tomada de decisão quanto às empresas que irá colocar em carteira.
Para saber se a empresa é lucrativa de forma consistente, não há outro caminho, a não ser dedicar tempo para entender os demonstrativos de resultado, projetos em andamento e perspectivas para médio e longo prazo.
A temporada de balanços é uma excelente oportunidade para começar a estudar. Trace sua rota de aprendizado e aproveite o vasto material publicado por importantes profissionais do mercado analisando os resultados divulgados.
Ao fazer isso, você está assumindo a responsabilidade por sua trajetória investidora e se capacitando para realizar escolhas que te coloquem cada vez mais perto de suas metas.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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