No Brasil, existem em torno de 520 startups de saúde ativas, de acordo com o relatório produzido pela Liga Ventures com apoio da PwC Brasil. Três delas foram fundadas pelo empreendedor Fernando Domingues, de 28 anos. Juntas, as empresas faturaram em torno de R$ 212 milhões em 2022.
O setor de saúde não foi a primeira escolha de Domingues. Com pais médicos, ele fez faculdade de economia para fugir da tradição familiar, mas o empreendedorismo o pegou no meio do caminho. De primeira, em 2015, ele lançou uma empresa de limpeza comercial, que não foi para frente. Sua segunda tentativa foi no mercado financeiro, com uma empresa de investimentos que também não vingou por falta de experiência.
Aprenda como lançar uma startup sem investir dinheiro
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oxygen/Getty Images 1. Valide sua ideia sem construir nada
Crie uma página online que descreva sua oferta e faça pré-vendas (limitadas).
Vender algo sem ter nada para vender ainda é um pensamento muito incômodo, mas está se tornando padrão da indústria e é uma das formas mais seguras de testar se sua ideia tem potencial ou não.
Construir uma página online hoje em dia definitivamente não requer nenhum conhecimento técnico. Existem muitos criadores de páginas sem código de baixo custo, e obter ativos de design básicos também é bastante barato.
Dessa forma, você pode testar sua oferta com seu mercado-alvo e ver se consegue chamar a atenção e, o mais importante, a receita. Caso contrário, você pode usar as mesmas ferramentas para alterar sua oferta de forma barata e rápida e repetir o teste para ver se isso melhora seus resultados.
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iStock 2. Use ferramentas sem código para criar seu produto
Em 2023, as ferramentas sem código estão se tornando cada vez mais avançadas. Essa é uma tendência que vai aumentar exponencialmente, principalmente com a introdução da IA capaz de codificar.
Isso significa que você pode construir muito mais do que uma simples página de destino com muito pouco conhecimento técnico. Existem muitos serviços sem código por aí que você pode misturar e combinar para unir a versão alfa do seu produto.
Se você conseguir ganhar tração, poderá reinvestir seus lucros para contratar uma pessoa técnica ou pode usar sua tração para levantar dinheiro de um investidor inicial, o que se torna muito mais provável se a tração que você está vendo indicar que você encontrou o produto certo.
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Getty Images 3. Forme uma equipe de fundadores com todas as habilidades necessárias para construir e vender seu produto
Se não for possível construir sua ideia exclusivamente com ferramentas sem código e você precisar de soluções técnicas personalizadas mais complicadas, deverá envolver um cofundador técnico na equipe.
Isso também é verdade para outras habilidades. Embora dois ou três cofundadores sejam ideais, não há limite para o número de pessoas que você pode envolver em sua equipe de fundadores.
Se essas pessoas acreditarem na ideia e forem devidamente motivadas por uma participação no projeto, você poderá obter muitas habilidades, experiência e mão de obra sem ter que investir dinheiro em salários. Uma equipe fundadora competente pode facilmente produzir e vender um produto mínimo viável de alta qualidade gastando quase nada.
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4. Use o marketing de pagamento por conversão
Finalmente, um dos maiores sugadores de dinheiro nos estágios iniciais é o marketing. Você pode facilmente gastar muito dinheiro promovendo seu MVP e obter um retorno muito baixo – especialmente se você ainda não encontrou um bom produto no mercado.
É por isso que, desde o início, você precisa restringir suas estratégias de marketing para startups àquelas que não exigem investimento.
Em outras palavras, você precisa se concentrar em atividades de marketing que pode fazer por conta própria gratuitamente (ou seja, marketing de conteúdo) ou precisa encontrar parceiros que estejam dispostos a vender seu produto com base no pagamento por conversão. Claro, isso é muito mais difícil do que pagar pessoas para anunciar você, mas pode ser sua única opção.
Além disso, como seu objetivo principal é testar sua ideia e ganhar tração inicial, até mesmo parceiros de pequena escala podem fazer um ótimo trabalho para levar sua oferta a clientes em potencial.
1. Valide sua ideia sem construir nada
Crie uma página online que descreva sua oferta e faça pré-vendas (limitadas).
Vender algo sem ter nada para vender ainda é um pensamento muito incômodo, mas está se tornando padrão da indústria e é uma das formas mais seguras de testar se sua ideia tem potencial ou não.
Construir uma página online hoje em dia definitivamente não requer nenhum conhecimento técnico. Existem muitos criadores de páginas sem código de baixo custo, e obter ativos de design básicos também é bastante barato.
Dessa forma, você pode testar sua oferta com seu mercado-alvo e ver se consegue chamar a atenção e, o mais importante, a receita. Caso contrário, você pode usar as mesmas ferramentas para alterar sua oferta de forma barata e rápida e repetir o teste para ver se isso melhora seus resultados.
Foi nesse momento que ele decidiu procurar um estágio e esperou uma vaga em uma companhia do setor de saúde. Por lá, ele aprendeu tudo o que precisava para voltar a empreender. Após o estágio, Domingues abriu em 2017 uma clínica no Rio de Janeiro, especializada em testes rápidos, prática cuja demanda explodiu com a pandemia. Isso o fez entender as necessidades do setor e chamou atenção do grupo Dasa (DASA3), que decidiu comprar o negócio por R$ 500 mil em 2018.
Foi o capital com que Domingues fundou sua primeira startup de saúde, a Conexa, uma plataforma de telemedicina. “Fora do país, o mercado de telemedicina já era muito grande e percebemos que era uma tendência que chegaria ao Brasil”, afirma. “Pouco tempo depois, com a chegada da pandemia, nós já éramos uma empresa com experiência na área, com caixa reforçado e possibilidade de crescimento muito maior que as companhias que estavam chegando ao mercado”, completa.
O crescimento foi rápido. Em 2022, a Conexa realizava cerca de 500 mil atendimentos por mês, tendo captado R$ 300 milhões em investimentos ao longo da jornada. Sozinha, a companhia faturou R$ 200 milhões no ano passado.
Em 2021, Domingues vendeu parte da Conexa e investiu na Cannect, buscando preencher outra lacuna que via no setor: o acesso à cannabis medicinal. A empresa visa facilitar o acesso de quem precisa usar a cannabis medicinal, conectando pacientes, médicos, instituições de saúde, pesquisadores e fornecedores. Desde seu lançamento, a empresa captou R$ 40 milhões e faturou R$ 12 milhões em 2022. Para 2023, sua expectativa é atingir receita de R$ 50 milhões.
A mais nova aventura de Domingues, lançada este ano, é a Omni, empresa de benefício de saúde corporativo que quer dar acesso à medicamentos mais baratos para a população. “Hoje, todas as empresas que trabalham com esse tipo de serviço estão vinculadas com uma farmácia e nós queremos fazer o oposto disso, dando a possibilidade do funcionário comprar seu medicamento onde ele achar mais conveniente”, afirma o empresário.
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O plano mais barato da Omni custa R$ 20 por vida para as empresas e representa um benefício de até R$ 200 para o funcionário. Esse valor é depositado no aplicativo da companhia e permite o pagamento dos medicamentos via pix.
Logo em seu lançamento, a empresa captou R$ 5 milhões. Quando completar um ano, em 2024, a Omni projeta estar faturando R$ 1 milhão por mês. De acordo com o executivo, em um futuro não tão distante, o objetivo da startup é agregar mais tecnologias usando IA e digitalizar todo o contato com os beneficiários.
De acordo com o relatório da Liga Ventures com apoio da PwC Brasil, das 520 startups do setor, 267 são focadas no mercado B2B (business to business), onde a Omni também se encontra. 12% delas atuam no mesmo segmento da startup de Domingue, o de gestão e processo corporativos, o que mostra que, ao mesmo tempo que há espaço para crescimento, há concorrência.