O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgou, na noite da quarta-feira (2), um corte de 0,50 ponto percentual nos juros. Foi a primeira redução da Selic em três anos, e a taxa baixou para 13,25% ao ano.
O corte era esperado pela maioria dos profissionais do mercado. Uma pesquisa realizada pela Reuters / Refinitiv indicava que 53% dos entrevistados disseram esperar um corte de 0,5 ponto percentual, e os 47% restantes esperavam um ajuste mais brando, de 0,25 ponto percentual.
A edição mais recente do Relatório Focus, divulgada na segunda-feira (31), mostrou que os analistas esperam uma Selic a 12% no fim de 2023.
Ações que podem ser beneficiadas com corte na taxa de juros:
Com base no estudo da Rico, as ações que tendem a se beneficiar em um possível ciclo de cortes de juros por ter a maior correlação negativa com taxas de juros de 1 ano:
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Rebeca Mello/Getty Images Cury (CURY3):
Setor: Construção Civil
Preço-alvo: R$ 17
Recomendação: Compra -
Divulgação/Grupo Mateus Grupo Mateus (GMAT3):
Setor: Varejo
Preço-alvo: R$ 11
Recomendação: Compra -
Divulgação/PetroReconcavo PetroReconcavo (RECV3):
Setor: Óleo, Gás e Petroquímicos
Preço-alvo: R$ 26,50
Recomendação: Compra -
Divulgação/Azul Azul (AZUL4):
Setor: Transportes
Preço-alvo: 14
Recomendação: Neutra -
Anúncio publicitário -
IGphotography/Getty Images Iguatemi (IGTI11)
Setor: Propriedades comerciais
Preço-alvo: R$ 28
Recomendação: Compra
Cury (CURY3):
Setor: Construção Civil
Preço-alvo: R$ 17
Recomendação: Compra
Os especialistas recomendam algumas estratégias para investir em um momento de queda dos juros. Rachel de Sá, da Rico, enfatiza a importância de uma carteira diversificada, mas considera que o cenário atual é favorável ao Brasil. Os indicadores econômicos americanos mostram uma desaceleração suave da economia, com menores riscos de recessão global. Por aqui, a avaliação é que a probabilidade de um descontrole fiscal diminuiu. Isso permite que os investidores assumam um pouco mais de risco em suas carteiras.
Paulo Feldmann, da FIA Business, destaca que, mesmo com a redução da Selic, ainda há espaço para ganhos com aplicações em renda fixa, uma vez que os juros seguem elevados e a inflação está baixa. Enquanto a taxa básica de juros for superior à inflação, as aplicações em renda fixa permanecerão interessantes.
Quais os melhores ativos para investir?
Em relação aos setores da bolsa mais promissores, Marcus Labarthe, da GT Capital, diz que as altas de juros influenciam toda a economia. Empresas de setores como eletricidade conseguem repassar o aumento de custos com mais facilidade. Já o varejo e a construção civil têm mais dificuldade para isso.
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Juros mais elevados reduzem as margens financeiras, o que afeta o resultado operacional. Quando a situação se inverte, essas empresas são beneficiadas. “Quedas nos juros podem facilitar o acesso ao crédito imobiliário, auxiliando empresas do setor de construção, além de uma retomada nas compras, para o setor de varejo.”
Phil Soares, da Órama, acrescenta que os setores que tendem a se valorizar diante da previsão de queda dos juros são aqueles ligados à atividade econômica, como bens de consumo (varejo), saúde, educação e construção civil.
Além disso, os especialistas indicam que o momento de queda dos juros é propício para investimentos além da bolsa de valores, como em fundos imobiliários (FIIs), especialmente aqueles que investem em ativos físicos, também conhecidos como fundos de tijolos. Isso ocorre porque a redução dos juros pode impulsionar o mercado imobiliário, tornando os FIIs uma opção atrativa para os investidores.
Rachel de Sá complementa que, mesmo com a queda dos juros, o investidor não precisa retirar todos os seus investimentos da renda fixa. A taxa de juros real (a diferença entre a Selic e a inflação) deve permanecer elevada no médio prazo. Com isso, os títulos pós-fixados, especialmente os atrelados à taxa Selic, são uma alternativa sensata para compor reservas de emergência.
No entanto, para investimentos cujo objetivo é buscar retornos maiores, o momento não é tão favorável para os títulos prefixados, uma vez que o eventual ganho com a queda dos juros já aconteceu. “Recentemente, houve um movimento de fechamento da curva, por conta da melhora da percepção de risco fiscal, o que levou a uma diminuição nas expectativas para os juros futuros. Isso resultou em ganhos para os títulos de renda fixa pré-fixados que já estão em posse dos investidores.”